Liamba, liamba,
por que, dando o sonho,
não matas também?
(Antonio Tavernard)
Se você fosse norte-americano e houvesse nascido após a II Guerra Mundial, entre 1946 e 1960, estaria incluído num subgrupo populacional conhecido como baby boomers, gente que constitui uma geração que experimentaria o ambiente de um mundo fortemente industrializado e relacionado a uma ordenação derivada da pax aliada e de seus efeitos globais.
Como sujeitos históricos de uma era de resgate e descoberta de direitos, a geração dos boomers também ajudaram a moldar o mundo em termos políticos e comportamentais, nos acontecimentos relacionados à conquista dos direitos civis pelos negros norte-americanos, na contestação ao neocolonialismo, no advento de uma nova moral sexual e na experimentação aberta de paraísos artificais com o uso de substâncias ilícitas, naturais ou quimicas.
Por tudo isso o grande irmão não lhes esqueceu a fama e continua de olho nas traquinagens desses rolling stones seniores, situados hoje entre a meia idade e o início da terceira, integrando a transição demográfica dos países industrializados para sociedades com menor proporção de jovens. Daí que as autoridades de saúde dos EUA decidiram mover a formidável máquina de pesquisa em saúde que possuem, focalizando o comportamento de vinte mil baby boomers quanto ao uso de drogas ilícitas. O que os pesquisadores identificaram entre 2006-08, situa-se na dimensão de um problema relacionado ao campo dos determinantes sociais de saúde, que excede ao observado em gerações anteriores:
- Cerca de 4,3 milhões de adultos norte-americanos, com idade acima de 50 anos, fumam maconha, fazem uso abusivo de medicamentos prescritos por médicos ou estão relacionados a outros hábitos de drogadição.
- Tanto para homens quanto para mulheres, há maior preferência pela maconha que por outros entorpecentes.
- Drogas consideradas pesadas foram menos consumidas pelo grupo pesquisado: cocaína (o,5%), heroína (0,1%) e halucinógenos (0,1%).
- O uso de maconha é mais frequente entre o segmento mais jovem do grupo de pesquisa (50-59 anos) e o uso abusivo de medicamentos entre os mais velhos (60-69 anos).
Os resultados de pesquisa apontam que em 2020, nos EUA, a demanda de idosos por cuidados de saúde relacionados a drogadição será o dobro do que hoje é observado, com o agravante de que essas pessoas chegarão aos consultórios médicos com outras doenças associadas (problemas cardiovasculares, diabetes, enfisema) e os modelos de tratamento da drogadição no momento disponíveis não consideram as peculiaridades dos pacientes idosos. Portanto, meu caro boomer - do lado latino-americano sem dinheiro no banco -, quando você for ouvir Jimmi Hendrix no clássico Are You Experienced, pense duas vezes antes de acender aquela idéia.
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