terça-feira, 19 de janeiro de 2010

AIDS e Circuncisão em Ruanda

A África Subsaariana representa uma das piores e a mais longa crise humanitária, denunciada vez por outra pelo espasmo de uma ou outra voz solidária nos veículos da mídia internacional. O cinema por meio de filmes como Hotel Rwanda, O Jardineiro Fiel e Diamantes de Sangue tem cumprido esse papel de apresentar para o grande público o drama do povo africano, infelizmente não superado pelas guerras de independência colonial, ou neocolonial como queiram.
Dentre os mais graves problemas de saúde que acometem a região abaixo do Magrebe, está a AIDS. Estima-se que 22,5 milhões de pessoas infectadas com o vírus HIV (68% do total mundial) sejam habitantes subsaarianos. Em oito dos países que integram a região acontecem 1/3 de todas as mortes causadas pela AIDS no mundo.
Mas apesar dos níveis de prevalência e incidência da doença, a despeito da escassez de recursos nacionais para pesquisa na região, existem atitudes encorajadoras que enfrentam o problema em parceria com agências internacionais como a UNICEF.
Sob a liderança de Agnes Binagwaho (Ministério da Saúde de Ruanda), foi realizado estudo econômico para avaliar o custo-benefício da circuncisão em recém-natos masculinos, procedimento cirúrgico reconhecido como importante entre as medidas preventivas da AIDS. Com base nas estimativas de custo da circuncisão em crianças, adolescentes e adultos e aqueles relacionados ao tratamento da AIDS, o estudo concluiu que existe evidência científica robusta para recomendar às autoridades de saúde do país a incorporação das circuncisões no elenco de procedimentos disponibilizados pelo governo.
Em resumo os resultados de pesquisa foram os seguintes:
  • O custo da circuncisão em crianças , mesmo considerando aquelas de realização tardia, é cerca de 4 vezes menor que a realizada em adultos;
  • O custo total da prevenção da infecção HIV em adolescentes e adultos ruandenses circuncisadas é de aproximadamente 4 e 5 mil dólares norte-americanos;
  • A circuncisão de adultos, quando considerada isolada para a faixa etária, não supera os benefícios de custo e prevenção obtidos com a circuncisão realizada em grupos etários mais jovens.
Escrito em inglês, o estudo está disponível com acesso livre na PlosMedicine.

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