quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Blade Runner - O Livro de Desenhos


Blade Runner - Livro de Desenhos (Blade Runner Sketchbook), editado em 1982, é uma rarirade. Mesmo em livrarias especializadas em raros e esgotados achá-lo é difícil, devido a constante procura dos fãs desse clássico da ficção científica e pela tiragem pequena da edição. Enquanto não se publica uma segunda edição, delicie-se com essa cópia on line. Para ler, basta clicar sobre a imagem.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Síntese do Instante Num Catálogo de Livraria

Sempre recebo no meu endereço de Belém o Catálogo de Livros Selecionados, da Livraria Académica. A simpática livraria tem página na internete e está localizada na cidade do Porto, em Portugal, na Rua dos Mártires da Liberdade, 10. A sede física, contudo, não conheço em que pese o desejo sempre insatisfeito de visitar a terra de avoengo paterno, lá falecido.
Além da seleção de raridades bibliográficas, Nuno Canavez, proprietário da livraria e reconhecido intelectual portuense, sempre encarta na última folha do catálogo um poema para reflexão do leitor.
Sabemos o quanto Portugal tem sofrido com os revezes da economia européia. Só para avaliarmos a atual gravidade da situação, uma fonte que de lá retornou disse-me que o governo português já trabalha com o cenário de manter ao menos uma pessoa empregada por unidade familiar, e que patrões e empregados já negociam redução de salários.
É inserido nesse contexto que o catálogo 264/2011 da Livraria Acadêmica oferece aos olhos do leitor um inquietante poema sem título, assinado por Maria Ângela de Sousa - de quem, infelizmente, não obtive maiores informações nos sistemas de busca usuais.

Diga-me amigo
o senhor que tanto sabe
do passado, do presente e do futuro da nossa gente
diga-me que genética ou que História
nos transformou nas quimeras que hoje somos
quem nos fez de tão larga imaginação e tão estreito agir
de tanto falar e tão pouco fazer

deste permanente ser e não ser
de tanto querer e tanto temer
de tanto criar e tão pouco ousar

lembradas glórias de impérios conquistados?
restos mouros de resignação e sofrimentos antecipados?
o esperar em vão de reis por vir?

ou simplesmente a paz das sardinheiras
e tudo o que nunca voltou d'Álcácer-Quibir?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Mais Letal Vírus do Mundo e o Super-Pateta

O sonho acabou desmanchando
A trama do Dr. Silvana
A trama do Dr. Fantástico
E o melaço de cana.
(Gilberto Gil - O Sonho Acabou)


Com frequência assuntos científicos comparecem na mídia como parte de notícias sensacionalistas e, com alguma frequência, associada a alguma interpretação conspiratória que poria em risco a humanidade. Lembro de algumas estórias mirabolantes que bem ilustram a questão, por exemplo:
1) Que a origem do vírus da Aids estaria relacionada a experimentos de cientistas em laboratórios militares norte-americanos, o qual ao fugir do controle de segurança teria se espalhado pelo mundo. Ou de que o único agente etiológico de imunodeficiência adquirida - o HIV - teria alcançado a humanidade mediante a vacina contra pólio, tecnologia que tantas vidas salvou no planeta.
2) Ou de que o ex-ditador líbio Saddam Hussein teria adquirido cópias do vírus da varíola, que lhe teriam sido vendidas por bilhões de dólares, depois que cientistas russos a roubaram de um laboratório em Novosibirsk, Rússia, por ocasião do desmoronamento do Império Soviético.
3) Esse denuncismo, que a história comprovou não possuir qualquer base factual, também afirmava que o complexo soviético de guerra biológica teria produzido 20 toneladas do mesmo vírus e as espalhado secretamente nos quatro cantos do mundo, sob a guarda de ex-agentes da KGB, homens de olhos rútilos de ódio e prontos para aniquilar o planeta a primeira ordem sabe lá de quem.
4) Também houve quem questionasse na blogosfera se a Escherichia coli implicada nas infecções gastro-intestinais na Europa não seria um teste de arma biológica promovido pelas grandes potências, não importanto que para isso se ignorasse - como nos casos anteriores citados - que a Teoria da Evolução diz basicamente o seguinte: as espécies evoluem às ordens da natureza, sem que necessariamente o homem tenha de intervir nesse processo.
Entretanto, no que se pode ter de factual sobre um ataque biológico - o uso do carbúnculo (Antraz) nos EUA, em 2001 - nunca foi objeto de interesse jornalístico que esclarecesse afinal quem ou o quê estavam por detrás desses atentados terroristas. O que teria dissuadido os jornalistas de investigar fatos tão graves para a coletividade?
Os fatos antes citados, portanto, não pretendem negar a realidade de que os países ou grupos políticos com pretensões hegemônicas globais sempre tiveram interesse em desenvolver armar biológicas para dissuadir e atacar seus inimigos, desde a Antiguidade e a Idade Média, e modernamente antes mesmo do desenvolvimento da tecnologia nuclear aplicada para fins bélicos.
Notemos que essas teorias anedóticas trabalham sempre com a idéia de que cientistas trazem consigo um potecial certo de risco para a humanidade, como ilustram as figuras romanescas de Mr. Hekyll/ Mr. Hide e do doutor Frankestein, seguidos nos quadrinhos e jogos de vídeo por uma súcia de ensandecidos que integra entre outros Hugo Ago-Ago, doutor Silvana, Lex Luthor e doutor Killjoy.
Toda essa galeria de personagens evocaria a grosso modo correspondências com "pesquisadores" criminosos de que são exemplos os médicos nazistas Mengele, Eduard Wirths e Hilario Hubrichzeinen , que praticaram no complexo dos campos de morte Auschwitz-Birkenau uma pseudo-ciência racial, demonstrando que a liga entre personagens de ficção e da história e de seus crimes fictícios e reais está fundamentada no fato de que a ciência como todo processo criador não é neutra, os agentes fomentadores e produtores do conhecimento possuem ideologia e não estão acima do bem e do mal.
O problema, contudo, é a instrumentalização midiática em torno dessa assertiva que, nos últimos dias, vem exemplificada na denúncia publicada em jornais norte-americanos e europeus de que uma equipe de cientistas teria desenvolvido um novo vírus da gripe (H5N1), hoje raro entre humanos, cuja letalidade seria de 60%. Esse experimento de biotecnologia deriva da competência que foi adquirida para manipular mutação de gens em laboratório, fenômeno biológico sensível para a evolução dos vírus em geral. Isso por certo levaria a elaboração de um banco viral altamente virulento, disponível para a elaboração de vacinas e medicamentos que fossem necessários quando a mutação ocorresse espontaneamente na natureza e os primeiros surtos fossem verificados.
Eu não tenho dúvida quanto a segurança com que essa pesquisa foi conduzida, nem da competência da equipe de cientistas que a conduziu, nem de que ela anuncia um novo patamar na prevenção e tratamento de doenças infecciosas. Tenho dúvidas sim, no médio e longo prazo, quanto à migração desse conhecimento científico em termos de produto de mercado, considerando que a indústria farmacêutica expressou que haveriam limitações tecnológicas para responder uma demanda mundial de vacinas na última pandemia de H1N1.
Por outro lado, confirmando que o sensacionalismo e a visão conspiratória sempre comparecem para confundir, é inaceitável que revistas científicas sejam pressionadas para não publicarem a pesquisa, ou, se o façam, do texto sejam eliminadas "determinadas informações" que poderiam ser apropriadas por bioterroristas. A comunidade científica não pode aceitar tal interferência do estado, seja porque abre oportunidades que fragilizarão a transparência e a ética em pesquisa, seja porque trabalho científico mutilado e domesticado, em qualquer revista que o publique, em definitivo será ciência do Super-Pateta.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Balanço Pessoal de Ano

1- O desempenho do Voo de Galinha em 2011 foi vexaminoso, conforme expressa o registro das postagens, que, em número, retrocedeu à produção de 2009.
2- Em compensação, @itajaideal, twitter associado a este blog, disparou mais que duplicando o número de seguidores.
3- Em 2011, por questões de tempo não foi possível cristalizar novo blogue, que associaria bibliofilia e medalhística no âmbito da Amazônia.
4- Fiz uns magros progressos na fotografia, que estão disponíveis no Flickr ou aqui, em link na coluna à direita desta página.
5- No mais tenho a agradecer àqueles que prestigiam o blog, o twitter e o Flickr com suas presenças e comentários sempre generosos.

Mas, se toda história guarda alguma conclusão, este balanço breve e personalíssimo tem lá sua moral, resumida na constatação de que O problema é que eu tenho hobbies demais e dinheiro de menos. Mas outros melhores dias prometem vir, e comme il le faut terei de conquistá-los.

Resistir é Viver



















Shikhei Goh da Indonésia ganhou o primeiro prêmio do concurso internacional de fotografia promovido pela revista National Geographic, em 2011. A foto, denominada Splashing (Chuvisco), tem por objeto uma jacinta resistindo à força da chuva e do vento, sob uma luz que remete a um fim de tarde. O registro fotográfico permite a quem o observa - e especialmente para aquele habitante dos trópicos - a sensação de que participa da cena. No meu ver essa foto impressionante se tornará um dos ícones da macrofotografia. Aqui outras fotos do fotógrafo.

domingo, 18 de dezembro de 2011

E Aquilo Deu Nisso?

A Penguin Books, editora de âmbito internacional, está presente no Brasil pelo menos há um ano, com a confirmação de que vende livros a preço justo em consórcio com a brasileira Companhia das Letras. Ao catálogo internacional, que guarda títulos importantes para o conhecimento, a parceria tem agregado obras para o Brasil, dos quais são exemplo, entre outros, o Essencial de Joaquim Nabuco, o Essencial de Padre Antônio Vieira (com inédito A Chave dos Profetas) e os Apontamentos de Viagem (J.A. Leite Moraes).
Dos bate-pernas dos chamados viajantes na Amazônia, Leite Moraes talvez seja um dos menos conhecidos, ainda que a paixão dos bibliófilos pague pequena fortuna para ter a primeira edição do livro, publlicado salvo engano pela Câmara Municipal de São Paulo, em edição de magra tiragem. Logo, reedições como essas da Penguim e, seja dito, antes a da Companhia das Letras são importantes para a perenidade do instantâneo que Leite Moraes deu ao público de sua época e às gerações do futuro (em última forma, publicações almejam sempre a eternidade).
Haroldo Maranhão, patrono desse blog, não selecionou Mello Moraes para compor sua revisão literária, a que deu o título de Pará, Capital: Belém/ Memórias & Pessoas & Coisas & Loisas da Cidade (Prefeitura de Belém, 2000). Não importa, pois esses Apontamentos de Viagem, escrito pelo avô do maior intelectual brasileiro já havido - Mário de Andrade -, é obra de importância para o estudo da civilização na Amazônia entre o fim do século XIX e o início do XX, ainda que não acresça de maior originalidade aos registros realizados por outros que, advindos aos trópicos com o espírito de capitalistas da Segunda Revolução Industrial, interpretavam com bom ânimo o pensamento e o empreendedorismo, enquanto silenciavam sobre a violência escancarada e as omissões das elites na fronteira amazônica do capitalismo.
Não é segredo que permanecemos fronteira de riqueza, cobiças e vícios do capital. E essas reflexões à maneira da que nos foi legada por Mello Moraes, de que "em Belém tudo é grande e tudo indica o desenvolvimento daquele povo", ao tempo em que o Pará e Belém representavam faces do mesmo ente, mas não escapes do inevitável espelhamento entre o discurso Belle Époque de Paris n'América e o que de fato foi construído nas sequências entrantes do futuro, hoje misère obligé (criação do poeta José Paulo Paes) constituem para nós, paraenses, um doloroso legado que, confrontado com a degradação experimentada ao longo de um século, representa a apavorante constatação de que a ópera dessas elites se reduz a um drama desvirtuoso, que ofende por onde se escute ou leia aos mais comezinhos princípios do direito e da moralidade pública.
Para remédio que supere essa farsa /farra grotesca, só nos resta chamar a quem nos bastidores sempre esteve; a quem tudo assistiu bestializado e violentado no mato, na senzala e nas atualizados reservas de miséria da capital e do interland paraense: O povo, ou os bárbaros como preferem alguns, pois só ele permitirá reverter essa empreitada de bucaneiros. Como disse a clarividência poética do grego Kaváfis - Sem bárbaros o que será de nós? / Ah! eles eram uma solução.

domingo, 4 de dezembro de 2011

"Bahia A.D.

"Bahia A.D. by Itajai de Albuquerque
"Bahia A.D., a photo by Itajai de Albuquerque on Flickr.

O AD não tem nada de latino: é abreviatura de Alta Definição. Trata-se de um tratamento digital que possibilita a criação de um cromatismo que remete ao realismo fantástico. Os registros originais foram feitos em Salvador-Bahia, de manhã cedo, com um tempo nublado. Logo em seguida garoou.
Então é isto.