quinta-feira, 30 de abril de 2009

Gripe Suína, Tamiflu e Vacinação Anual

Em meio as preocupações com a gripe súina, é necessário destacar dois pontos fundamentais:
i) A automedicação com Tamiflu está evidentemente relacionada com o desenvolvimento de resistência viral. O assunto é tão sério que o Center of Disease Control (CDC) dos EUA, desde dezembro do ano passado, recomenda aos médicos norte-americanos que antes de prescrever o medicamento peçam testes diagnósticos que identifiquem a cepa do vírus. Tal zelo é justificado porque foram identificados vários casos no ano passado indicativos de que o vírus da influenza estaria adquirindo resistência ao medicamento, como adquiriu antes aos anti-virais amantadina e a rimantadina. Então, nada de fazer estoque de Tamiflu e de sair usando ao primeiro espirro, que poderá ser apenas uma simples rinite.
ii) A atual pandemia de gripe suína não invalida a necessidade da vacinação anual contra gripe. Além de proteger contra outros vírus causadores de gripe humana, a atual vacina se não evita a gripe suína, tem por outro o potencial para reduzir a severidade dos sintomas em caso de se adquirir esta última. A razão se deve ao fato de que o vírus causador da doença em suínos é uma variante do vírus da gripe humana e, como tal, possui similaridades na composição genética que permitiriam às pessoas vacinadas alguma competência imunológica, apesar de ineficaz para evitar o adoecimento pela gripe suína.

Modernizar a Produção de Vacinas

Uma questão importante com respeito a pandemia de gripe é que as plataformas tecnológicas em operação requerem adequação a um cenário epidemiológico marcado pela velocidade com que surgem novos casos, que é paritário com o poder atual de deslocamento das pessoas, em um espaço global socialmente complexo e de base populacional gigantesca. Especialistas e a grande indústria farmacêutica reconhecem que as condições atuais de produção industrial para atender nessa escala não disponibilizariam uma vacina inovadora sem que tivesse decorrida a primeira onda de impacto de uma doença pandêmica, porque os processos tecnológicos vigentes são demorados e de algum modo obsoletos. Portanto, mais que competência na pesquisa de imunobiológicos inovadores é necessário adquirir meios rápidos para fabricar e distribuí-los sem descuidar da eficácia e segurança obrigatórias.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Pandemia!

A Organização Mundial da Saúde elevou o nível de alerta para a influenza suína. Passou de 4 para 5. Tecnicamente estamos em situação de pandemia. Conheça as medidas de esclarecimento do Ministério da Saúde, aqui e aqui.

A Gripe Suína e o Monstruoso Poder da Indústria Pecuária

Em 1965, havia nos EUA 53 milhões de porcos espalhados entre mais de um milhão de granjas. Hoje, 65 milhões de porcos concentram-se em 65 mil instalações. Isso significou passar das antiquadas pocilgas a gigantescos infernos fecais nos quais, entre esterco e sob um calor sufocante, prontos a intercambiar agentes patógenos à velocidade de um raio, amontoam-se dezenas de milhares de animais com sistemas imunológicos debilitados. Cientistas advertem sobre o perigo das granjas industriais: a contínua circulação de vírus nestes ambientes aumenta as oportunidades de aparição de novos vírus mais eficientes na transmissão entre humanos. A análise é de Mike Davis.

Por Mike Davis* - Copyleft

A gripe suína mexicana, uma quimera genética provavelmente concebido na lama fecal de um criadouro industrial, ameaça subitamente o mundo inteiro com uma febre. Os brotos na América do Norte revelam uma infecção que está viajando já em maior velocidade do que aquela que viajou a última cepa pandêmica oficial, a gripe de Hong Kong, em 1968.

Roubando o protagonismo de nosso último assassino oficial, o vírus H5N1, este vírus suíno representa uma ameaça de magnitude desconhecida. Parece menos letal que o SARS (Síndrome Respiratória Aguda, na sigla em inglês) em 2003, mas como gripe, poderia resultar mais duradoura que a SARS. Dado que as domesticadas gripes estacionais de tipo “A” matam nada menos do que um milhão de pessoas ao ano, mesmo um modesto incremento de virulência, poderia produzir uma carnificina equivalente a uma guerra importante.

Uma de suas primeiras vítimas foi a fé consoladora, predicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na possibilidade de conter as pandemias com respostas imediatas das burocracias sanitárias e independentemente da qualidade da saúde pública local. Desde as primeiras mortes causadas pelo H5N1 em 1997, em Hong Kong, a OMS, com o apoio da maioria das administrações nacionais de saúde, promoveu uma estratégia centrada na identificação e isolamento de uma cepa pandêmica em seu raio local de eclosão, seguida de uma massiva administração de antivirais e, se disponíveis, vacinas para a população.

Uma legião de céticos criticou esse enfoque de contrainsurgê ncia viral, assinalando que os micróbios podem agora voar ao redor do mundo – quase literalmente no caso da gripe aviária – muito mais rapidamente do que a OMS ou os funcionários locais podem reagir ao foco inicial. Esses especialistas observaram também o caráter primitivo, e às vezes inexistente, da vigilância da interface entre as enfermidades humanas e as animais. Mas o mito de uma intervenção audaciosa, preventiva (e barata) contra a gripe aviária resultou valiosíssimo para a causa dos países ricos que, como os Estados Unidos e a Inglaterra, preferem investir em suas próprias linhas Maginot biológicas, ao invés de incrementar drasticamente a ajuda às frentes epidêmicas avançadas de ultra mar. Tampouco teve preço esse mito para as grandes transnacionais farmacêuticas, envolvidas em uma guerra sem quartel com as exigências dos países em desenvolvimento empenhados em exigir a produção pública de antivirais genéricos fundamentais como o Tamiflu, patenteado pela Roche.

A versão da OMS e dos centros de controle de enfermidades, que já trabalha com a hipótese de uma pandemia, sem maior necessidade novos investimentos massivos em vigilância sanitária, infraestrutura científica e reguladora, saúde pública básica e acesso global a medicamentos vitais, será agora decisivamente posta a prova pela gripe suída e talvez averigüemos que pertence à mesma categoria de gestão de risco que os títulos e obrigações de Madoff. Não é tão difícil que fracasse o sistema de alertas levando em conta que ele simplesmente não existe. Nem sequer na América do Norte e na União Européia.

Não chega a ser surpreendente que o México careça tanto de capacidade como de vontade política para administrar enfermidades avícolas ou pecuárias, pois a situação só é um pouco melhor ao norte da fronteira, onde a vigilância se desfaz em um infeliz mosaico de jurisdições estatais e as grandes empresas pecuárias enfrentam as regras sanitárias com o mesmo desprezo com que tratam aos trabalhadores e aos animais.

Analogamente, uma década inteira de advertências dos cientistas fracassou em garantir transferências de sofisticadas tecnologias virais experimentais aos países situados nas rotas pandêmicas mais prováveis. O México conta com especialistas sanitários de reputação mundial, mas tem que enviar as amostras a um laboratório de Winnipeg para decifrar o genoma do vírus. Assim se perdeu toda uma semana.

Mas ninguém ficou menos alerta que as autoridades de controle de enfermidades em Atlanta. Segundo o Washington Post, o CDC (Centro de Controle de Doenças) só percebeu o problema seis dias depois de o México ter começado a impor medidas de urgência. Não há desculpas para justificar esse atraso. O paradoxal desta gripe suína é que, mesmo que totalmente inesperada, tenha sido prognosticada com grande precisão. Há seis anos, a revista Science publicou um artigo importante mostrando que “após anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte tinha dado um salto evolutivo vertiginoso”.

Desde sua identificação durante a Grande Depressão, o vírus H1N1 da gripe suína só havia experimentado uma ligeira mudança de seu genoma original. Em 1998, uma variedade muito patógena começou a dizimar porcas em uma granja da Carolina do Norte, e começaram a surgir novas e mais virulentas versões ano após ano, incluindo uma variante do H1N1 que continha os genes do H3N2 (causador da outra gripe de tipo A com capacidade de contágio entre humanos).

Os cientistas entrevistados pela Science mostravam-se preocupados com a possibilidade de que um desses híbridos pudesse se transformar em um vírus de gripe humana – acredita-se que as pandemias de 1957 e de 1968 foram causadas por uma mistura de genes aviários e humanos forjada no interior de organismos de porcos – e defendiam a criação urgente de um sistema oficial de vigilância para a gripe suína: advertência, cabe dizer, que encontrou ouvidos surdos em Washington, que achava mais importante então despejar bilhões de dólares no sumidouro das fantasias bioterroristas.

O que provocou tal aceleração na evolução da gripe suína: Há muito que os estudiosos dos vírus estão convencidos que o sistema de agricultura intensiva da China meridional é o principal vetor da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico intercâmbio genômico. Mas a industrializaçã o empresarial da produção pecuária rompeu o monopólio natural da China na evolução da gripe. O setor pecuário transformou- se nas últimas décadas em algo que se parece mais com a indústria petroquímica do que com a feliz granja familiar pintada nos livros escolares.

Em 1965, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de porcos espalhados entre mais de um milhão de granjas. Hoje, 65 milhões de porcos concentram-se em 65 mil instalações. Isso significou passar das antiquadas pocilgas a gigantescos infernos fecais nos quais, entre esterco e sob um calor sufocante, prontos a intercambiar agentes patógenos à velocidade de um raio, amontoam-se dezenas de milhares de animais com sistemas imunológicos muito debilitados.

No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um informe sobre a “produção animal em granjas industriais”, onde se destacava o agudo perigo de que “a contínua circulação de vírus (...) característica de enormes aviários ou rebanhos aumentasse as oportunidades de aparição de novos vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”. A comissão alertou também que o uso promíscuo de antibióticos nas criações de suínos – mais barato que em ambientes humanos – estava propiciando o surgimento de infecções de estafilococos resistentes, enquanto que os resíduos dessas criações geravam cepas de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou um bilhão de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).

Qualquer melhora na ecologia deste novo agente patógeno teria que enfrentar-se com o monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e pecuários, como Smithfield Farms (suíno e gado) e Tyson (frangos). A comissão falou de uma obstrução sistemática de suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas algumas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento de pesquisadores que cooperaram com a investigação.

Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas. Assim como a gigante avícola Charoen Pokphand, sediada em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre seu papel na propagação da gripe aviária no sudeste asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do vírus da gripe suína bata de frente contra a pétrea muralha da indústria do porco.

Isso não quer dizer que nunca será encontrada uma acusadora pistola fumegante: já corre o rumor na imprensa mexicana de um epicentro da gripe situado em torno de uma gigantesca filial da Smithfield no estado de Vera Cruz. Mas o mais importante – sobretudo pela persistente ameaça do vírus H5N1 – é a floresta, não as árvores: a fracassada estratégia antipandêmica da OMS, a progressiva deterioração da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industrializada e ecologicamente bagunçada.

*Mike Davis é professor no departamento de História da Universidade da Califórnia (UCI), em Irvine, e um especialista nas relações entre urbanismo e meio ambiente. Ex-caminhoneiro, ex-açogueiro e ex-militante estudantil, Davis é colaborador das revistas New Left Review e The Nation, e autor de vários livros, entre eles Ecologia do Medo, Holocaustos coloniais, O monstro bate a nossa porta (editora Record), e Cidade de quartzo: escavando o futuro em Los Angeles (Boitempo) Também é membro do Conselho Editorial de Sin Permiso.

Artigo publicado na Agência de Notícias Carta Maior.

La Glória, México. Onde Tudo Começou














EH, 5 anos, o primeiro paciente da epidemia de gripe suína.
Foto:Adriana Zehbrauskas

Fernando Pessoa, o genial escritor português, legou-nos um belo poema onde registra que o começo é sempre involuntário. A afirmativa não é válida para a epidemiologia, que é ciência que busca estabelecer nexos para a compreensão de como as doenças transmissíveis ou não transmissíveis afetam aos homens. Exemplifica-o a presente epidemia de gripe suína, iniciada no México.
Hoje sabemos que as autoridades de saúde mexicanas identificaram o chamado caso índice da doença, aquele estabelecido como o primeiro relacionado ao surgimento de uma doença que escapou ao controle e ganhou o mundo para tornar-se a primeira pandemia do século. Na verdade, trata-se de um menino de 5 anos, residente em La Glória, uma cidade rural que é o principal centro de criação suína na região.
Antes do pequeno EH cair doente, os registros de saúde pública local já identificavam o surgimento de pelo menos dois casos em março e abril da gripe, o que constitui evidência inequívoca que a variante suína do vírus H1N1 estava circulando na comunidade. Ainda que não se saiba se estas pessoas foram infectadas com a mesma cepa que desencandeou a presente epidemia, só a ocorrência desses dois casos confirmados mereceria das autoridades mexicanas uma atenção maior para o assunto.
Diz a filosofia oriental que frente a um erro não devemos imobilizar nossa reação em saber quem o praticou, mas no como e no porque chegou-se àquele resultado. Neste caso não é assim, pois no final das contas temos todas as respostas para qualquer dúvida relacionada a compreensão do processo , que, aliás, prossegue com exemplos sui generis.
Que digam deles a família de EH, felizmente recuperado da gripe. A mãe do garoto diz que a casa virou uma referência não muito positiva na cidade, e o incômodo tem sido grande. Além de funcionários da saúde aparecerem para fumegar a casa sem explicar exatamente porque o fazem, médicos também sempre aparecem para coletar material da garganta do menino. E até o governador da província - claro, esse personagem não poderia faltar! - um dia ali desceu de helicóptero, acompanhado de comitiva oficial para saber notícias e fazer fotos. Ao menos dessa vez, EH ganhou de presente uma bola de futebol e um boné que o fizeram feliz.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Gripe Suína: Nível 4 de Alerta Mundial

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou para 4, numa escala entre 1 a 6, o nível de alerta global sobre a Gripe Suína. Tal medida decorre sempre que é confirmado a eclosão de um novo surto dessa doença, o que em si reflete o aumento das transmissões entre humanos.
Ainda não se fala oficialmente de uma pandemia, pois há medidas sanitárias eficientes para bloquear a transmissão intercontinental da doença, a exemplo da gripe aviária. Contudo, neste caso, favoreceu o controle da doença uma questão biológica fundamental: o vírus da gripe aviária não adquiriu a competência de se transmitir entre humanos. Entre outras medidas preventivas, deve-se evitar viagens para cidades onde há ocorrência da doença. Além do México, casos foram confirmados nos EUA, Canadá e Espanha. Entre as cidades norte-americanas, por exemplo, o maior número de casos tem como referência Nova Iorque.

Atchim... É a Gripe Suína !

É uma questão de tempo a gripe suína chegar no Brasil. Melhor mesmo é ir desde logo adotando as medidas preventivas: evitar aglomerações, lavar as mãos sempre e, principalmente, ao tocar objetos de uso público. Em paralelo, não levar a mão à boca, aos olhos e ao nariz. Apesar de existir vacina para os suínos, para seres humanos não há, em que pese o Center for Disease Control - CDC (EUA) dizer que desenvolve uma a toque de caixa.

Grandes Emoções

Inicia hoje, extendendo-se até 7 de maio, a série de audiências públicas que debaterão o SUS como provedor de qualquer procedimento que seja solicitado pelo cidadão brasileiro. Iniciam-se às 9:30 horas, no Supremo Tribunal Federal em Brasília-DF. TV e Rádio Justiça trasmitirão os debates, inclusive pela internete. Embora 126 pessoas tenham sido selecionadas pelo tribunal para exporem suas teses sobre o assunto, apenas 46 foram escolhidos para apresentá-las em 15 minutos, na sala de sessões. O cenário previsto para os debates é pouco amigável para os gestores do SUS e os riscos de uma súmula vinculante que derrube a tese governamental da reserva do possível são grandes. A chamada reserva do possível é uma previsão do direito constitucional que confere ao estado, no tocante ao atendimento dos direitos sociais, a cautela de responder até o limite da disponibilidade de recursos orçamentários, a vista de não invializar outras ações afeitas à política pública setorial.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Centenário da Doença de Chagas

Hoje, 22 de abril, Carlos Chagas entrava para a História. Para comemorar um das mais relevantes descobertas científicas para o Brasil e o mundo, o Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, do Ministério da Saúde produziu um boletim comemorativo que articula a descoberta de Chagas ao atual problema das doenças negligenciadas. Disponível on line.

terça-feira, 21 de abril de 2009

A Última Batalha?

Na próxima semana, no Supremo Tribunal Federal será travado talvez o mais importante debate jurídico para a saúde pública brasileira. Durante seis dias consecutivos haverão audiências públicas para responder a pergunta se o Sistema Único de Saúde (SUS) tem a obrigação ou não de pagar por medicamentos, exames complementares, cirurgias e toda e qualquer tecnologia de saúde não incorporada na tabela de procedimentos do maior plano de saúde público das Américas.
É um assunto delicadíssimo tanto para o Poder Judiciário quanto para o Ministério da Saúde que, a depender do conteúdo de súmula vinculante que os debates derivem, poderá ter sérios problemas para garantir à população o acesso a produtos de saúde que do ponto de vista científico garantam a cura ou melhoria na qualidade de vida das pessoas, sem prejuízo da sustentabilidade do sistema. É delicado também porque na ocasião conceitos afeitos ao direito da pessoa irão ser confrontados com aqueles da saúde coletiva, um diálogo ao meu ver até agora surdo, que responde em parte pela chamada judicialização da saúde. Mais detalhes sobre o assunto podem ser lidos no jornal Estado de São Paulo, edição de 21 de abril.