domingo, 27 de maio de 2012

Quo Vadis?

Where to Go? by Itajai de Albuquerque
Where to Go?, a photo by Itajai de Albuquerque on Flickr.

Centro de Londres, 2012

Nanomedicina: Medicamentos Emergentes do Século XXI

"A aplicação da nanotecnologia no processo de desenvolvimento de medicamentos permite que os pesquisadores projetem e desenvolvam produtos farmacêuticos na escala nanométrica. Em virtude do seu tamanho e propriedades de superfície únicos, as nanopartículas são também capazes de direccionamento ativo para as células doentes, a fim de entregar drogas em uma concentração mais elevada. Essa propriedade de direcionar a molécula da substância para um alvo permite a redução de efeitos secundários, prevenindo ou reduzindo a interação com as células normais. A administração de drogas através de nanopartículas permite a manipulação da absorção, distribuição, metabolismo e eliminação (ADME) de drogas e aumenta o efeito terapêutico global".

O artigo completo Nanomedicine: Emerging Therapeutics for the 21st Century pode ser acessado na íntegra, clicando aqui.

Sabedoria Rabínica


Rabi Eleazar, filho de Azarias, disse: Podemos passar sem a ciência, mas não sem a inteligência; e quando sem a inteligência, de jeito algum passaremos sem a ciência. Porque até se pode ficar sem pão, mas não sem a Torah; e quando sem a Torah, de modo algum sem pão.

(Máximas Rabínicas. Livro III, 21)

Moral da história: Ciência, inteligência, Torah e alimento são imprescindíveis ao homem.

Adaptado do francês pelo blogger, a partir de citação de Joseph Toledano em Une Histoire de Familles. Editions Ramtol. Jerusalem, sd.

sábado, 19 de maio de 2012

Mortalidade Materna Em Queda no Brasil


Em termos comparativos, no decêncio 1990-2010, o relatório Tendências da Mortalidade Materna: 1990 a 2010 informa que a mortalidade materna no Brasil involuiu de 120 para 56, representando uma queda de  51%.  Em que pese o descenso virtuoso na curva de mortes maternas, que expressa o efeito de um agregado causal de iniquidades operando sobre o mais belo momento das espécies, ainda resta ao Brasil muito trabalho para alcançar a meta de reduzi-la em 75% até 2015, de modo a cumprir a meta de reduzir em 3/4 a mortalidade materna entre 1990-2015, conforme previsto nos Objetivos do Milênio que foram pactuados entre os estados membros da Organização Mundial da Saúde.

Nanotecnologia Sem Tecno-Romantismos

Divisor
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Nada é estável no mundo: o alvoroço é a nossa única música.
poeta John Keats, em carta ao irmão (1818)

O termo nanomedicina gramaticalmente é uma composição por aglutinação. O signficado do termo não remete, entretanto, à definição de uma subespecialidade médica, mas sim à aplicação da nanotecnologia no desenvolvimento de soluções aplicáveis às questões da medicina. É, portanto, um campo do conhecimento de extensa transversalidade criadora, que progressivamente sai da zona cinzenta da fronteira tecnológica e se consolida como inovadora para o mercado, aos moldes shumpeterianos.
Neste primeiro semestre de 2012, foi publicado no Journal of Drug Delivery - uma publicação científica de acesso aberto - o interessante artigo Nanotechnology and Medicine: From Inception to Market Domination, assinado por um grupo de pesquisadores dos EUA e Itália. Trata-se de um artigo fundamental, ao modo de roadmapping, que consolida questões importantes relacionadas a pesquisa, ao desenvolvimento e a inovação nanotecnológica e o mercado de produtos de saúde. 
Nesse sentido, os autores se propõem a descrever decisões financeiras e estratégicas de nanomedicina em fase de arranque para chegar ao mercado com sucesso, de modo a construir e manter uma vantagem competitiva defensável frente a outras tecnologias. Esse processo envolve a avaliação detalhada dos potenciais econômicos dos produtos finais, em que se incluem pesquisas para identificar segmentos de mercado, tamanho, estrutura e concorrentes, assim como a definição do momento de entrada possível no mercado e a fração de comércio que as empresas podem realisticamente alcançar em diferentes horizontes temporais. 



O fato concreto é que a nanotecnologia está na agenda de interesses estratégicos dos governos nacionais e recursos de investimentos, não raro binacionais, têm sido regularmente publicizados na imprensa leiga, tanto no que respeita ao aporte financeiro à linhas de pesquisa e desenvolvimento, ou a estruturação de centros de pesquisa nanotecnológica. Calcula-se que o investimento global em nanotecnologia, incluindo os setores público e privado, supere a cifra espetacular de 13 - 14 bilhões de dólares ano. EUA, União Européia, Alemanha, Japão, Coréia do Sul e a República Popular da China são os que mais expandem seus financiamentos para levar produtos nanotecnológicos ao mercado. 

 Number of nanotechnology patents published by the US Patent and Trademark Office (USPTO), European Patent Office (EPO) and Japan Patent Office (JPO) according to publication date


No caso do Japão, país onde empreendedorismo, inovação e crédito representam um princípio de estado, há nítidos movimentos no sentido de constituir uma rede internacional de pesquisa e desenvolvimento em nanotecnologia com pontos de apoio no Oriente Médio. Por sua vez, governo chinês tem demonstrado grande interesse em Nanotecnologia pelo potencial transformador da indústria das áreas médica, farmacêutica e de meio ambienteSó em termos de recursos para pesquisa e desenvolvimento de nanoalimentos, calcula-se que os chineses deverão ter investido até 2010 cerca de 20,4 bilhões dólares/ano, numa taxa avassaladora de crescimento que vai a cerca de mais de 30% ano.
E o Brasil onde fica nesse agito todo? 
O reconhecimento da nanotecnologia como área estratégica do conhecimento e portadora de futuro, no horizonte econômico de médio e longo prazo, existe desde o governo Lula, e tem sido mantido na agenda governamental da presidente Dilma Roussef. Decorridos quase uma década foram organizados dez Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) com foco em Nanotecnologia. Entretanto, o calcanhar de Aquiles da iniciativa governamental resulta de pelo menos dois tendões enfraquecidos, que também funcionam em outras áreas como freio à aceleração do investimento em Ciência, Tecnologia e Inovação: o desânimo do empresariado brasileiro para o empreendedorismo científico e a baixa produção de patentes, ambos tendências históricas de retração para o Brasil tornar-se jogador global em dois  cenários de permanente instabilidade criadora: a ciência e o mercado.
No governo Lula, o Brasil buscou soluções econômicas com matizes neokeynesianos, tirando do estado de pobreza, por meio de programas de transferência de renda e a criação de 18 milhões de novos postos de trabalho, um contigente de brasileiros equivalente a população da Argentina. É tempo do governo Dilma agregar ao programa de desenvolvimento do país estratégias shumpeterianas que impulsionem ao mercado a ciência e a tecnologia que vêm se acumulando na academia, ainda que a conjugação de Keynes e Shumpeter, no atual cenário internacional da economia, seja um desafio para poucos.

sábado, 5 de maio de 2012

O que Vemos Independe do que Acreditamos?

No que respeita a relação entre observador e objeto, aprendi outro dia uma pergunta que nos questiona se o que vemos independe do que acreditamos. O questionamento porta uma inquietação fascinante, pois dimensiona que o registro fotográfico não deriva da situação topográfica do observador, ou do ângulo em que enquadrou o objeto para registro. Está para além disso, porque situa o ato fotografíco no contexto de um duplo ato político e ideológico: no registro de quem o faz  e na reação de quem o olha. Em literatura, tem correspondência com a metáfora de Júlio Cortázar, quando certa vez disse que ler é sobretudo por o dedo no gatilho. No dizer de Cortázar ler é tomar posição para a ação, que principia na relação estabelecida entre o autor e o leitor. 
A fotografia em definitivo incorporou-se ao cotidiano na medida em que foi absorvida como inovação incremental dos aparelhos para telefonia móvel. Aparelhos celulares e uma variedade de substratos físicos e voláteis, como as páginas eletrônicas na rede mundial de computadores, usadas para registro das imagens registradas estão disponíveis para os usuários. Nesse contexto, nunca o instantâneo (still) foi tão soberano quanto nesses quase dois séculos de uma tecnologia a serviço de uma arte que, por natureza e finalidade, responde à inquietude e à velocidade da modernidade e do capitalismo.  Bem exemplifica esses dois imperativos históricos à fotografia, o campo de teste que representou a Guerra do Afeganistão para a Canon 5D MII e a ligeira G10 da mesma marca, apesar do equipamento fotográfico com melhor desempenho de resistência tenha sido a do iPhone, por ser selado e resistir ao empoeiramento próprio da região.
Em sendo o fotográfico ideológico para quem o registra e para quem o observa, a memória representa seu espaço de resistência e de translação entre gerações. Cada indivíduo em potencial representa um potencial de transporte da imagem, ao modo como Ray Bradbury  descreveu com relação aos livros numa sociedade totalitária, no clássico da ficção científica Fahrenheit 451. Indaguei-me então quais seriam as imagens fotográficas representativas de testemunho de violência, observadas entre a minha infância tardia e a idade adulta, mas sempre contemporâneas, que eu seria capaz de extrair de memória de imediato, sem reflexão, ao modo parecido com aquele teste associativo de palavras.  Como expressão do poder da fotografia e confirmante da relação ideológica perene entre fotógrafo e observador, foram essas as que emergiram da memória:

Guerra do Vietnã, conforme a vi nas páginas da revista Cruzeiro, ainda menino



A destruição à bomba dos Budas Bamiyan (Afeganistão) pela milícia Talebã. O conjunto dessas estátuas foi considerado Patrimônio da Humanidade. O ato destrutivo desses milicianos revela a insubsistência secular da palavra frente a intolerância e a violência do sectarismo religioso.


O Pará como expressão nacional violências no campo: Serra Pelada e o Massacre de 21 trabalhadores rurais em Eldorado dos Carajás seguem gritanto por justiça social, no registro de Sebastião Salgado.