sábado, 22 de setembro de 2012

Um Cientista Inglês




Em Londres no início do ano, ao sair pela esquerda da Estação de Saint Pancras - aquela onde Harry Porter se perdeu - dei com um grande tapume de construção civil. O outdoor em frente dizia que se tratava da construção do Instituto Francis Crick, homenagem do governo britânico ao notável cientista que, em 1962, pela descoberta da estrutura em dupla hélice do DNA, dividiu o Nobel de Fisiologia e Medicina com James Watson. A nova instituição britânica de pesquisa substitui o antigo UK Centre for Medical Research and Innovation, estando prevista a conclusão integral das obras para 2015. Antes de chegar na parada do ônibus, impressionado com inesperada recepção visual, fiz estas fotos que compartilho aqui. 

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A página do The Francis Crick Institute pode ser acessada com um click.

Mais Uma On Line: A Biblioteca de Charles Darwin


Com a popularização da internet, as tecnologias da informação experimentaram um aprimoramento que sem exagero podemos dizer exponencial. No delta desses avanços, hoje é comum o acesso livre a variadas fontes de informação e em especial aos aceervos digitalizados das bibliotecas on line. O que era inimaginável há 30 anos, hoje é plenamente possível: um leitor acessar à distância tesouros impressos da Biblioteca Nacional ou, na USP, a lendária coleção brasiliana de José Mindlin, que teve por base a coleção de livros de Ruben Borba de Moraes, integrante do Semana Modernista de 22 e considerado um dos maiores investigadores da história dos livros no Brasil.
Nesse cenário em plena expansão sempre surgem novidades na rede mundial de computadores. Ontem à noite, explorando links da revista Science em busca de um trabalho sobre herpes vírus, encontrei a informação de que a biblioteca de Charles Darwin já se encontra praticamente toda digitalizada no sítio da Biodiversity Heritage Library. Nessa página  não só os livros e anotações (marginália) do autor da Teoria da Evolução estão disponíveis, mas também as bibliotecas de Carl Linneau e Ernest Mayr, entre outras relacionadas a Biologia. Na Biblioteca de Darwin estão disponíveis para consulta livre cerca de 22000 mil páginas, integrantes de 439 títulos digitalizados.  
Sabemos que o estudo da natureza brasileira deu importante contribuição a teoria evolucionista. Nesse aspecto a contribuição a destacar é aquela de Alfred Russel Wallace, cuja relevância permitiu-lhe durante algum tempo, uma insubsistida coautoria da Teoria da Evolução. Como viajante naturalista - e do mais brilhantes -, Wallace explorou durante quatro anos a Amazônia brasileira e registrou suas reflexões sobre a natureza da região no antológico Narrativas de Viagens pelo Amazonas e o Rio Negro (1853), trabalho que dedicou a Darwin. 
Está claro que Wallace está bastante presente na versão digital da Biblioteca de Darwin, assim como outros viajantes da Amazônia no século XIX, por exemplo Henry Bates (O Naturalista no Rio Amazonas ) e James Orton (O Andes e o Amazonas). Curiosamente, contudo, o livro das Narrativas está ausente. Além dele senti também a falta da Viagem ao Rio Amazonas, escrito por William H. Edwards (1847). Edwards foi o primeiro pesquisador norte-americano a explorar a natureza amazônica, tendo o seu trabalho impressionado vivamente a Charles Darwin. Talvez sejam ausências circunstanciais, que expressem o estado da arte do processo de digitalização das obras que integram a biblioteca de um dos mais influentes filósofos da dúvida, combatido sem trégua até hoje pelos criacionistas, por gente como George W. Bush, Sarah Palin e Marina Silva.

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Para acessar a biblioteca clique aqui.