sábado, 30 de janeiro de 2010

Fraudes Científicas à Chinesa

A China é uma potência integrada ao horizonte do século XXI. Contudo, o seu meritório esforço de industrialização tem sido associado a sérios problemas quanto a qualidade do que os chineses levam à venda no mercado internacional. Antes do mercado, contudo, em ciência também existem problemas.
Editorial da Acta Chrystallographica informa que, desde 2007, pesquisadores da Jinggangshan University publicaram na revista cerca de 70 artigos completamente falsos.
Dizem os editores:
Quando discutimos o problema com as editorias de outras revistas do grupo Acta, todos ficaram surpresos, porque, como nós, eles assumiram que era quase inconcebível que uma estrutura de cristal falsificado fosse submetida para publicação.
Infelizmente, agora temos de fazer um balanço e decidir que medidas são necessárias para evitar novas fraudes científicas. Para esse fim, o software de validação checkCIF é aprimorado continuamente e fornece uma avaliação exaustiva dos dados e da qualidade estrutural com vistas a consistência científica.
É digno de nota de ressaltar que os problemas atuais não poderiam ser facilmente descobertos sem a disponibilidade de ferramentas tecnológicas adequadas, cada vez mais importantes para as revistas científicas que publicam informação sobre estruturas cristalinas.
Desculpas apresentadas, desculpas registradas para serem ponderadas. Assim, concordo com o editor da The Lancet, quanto a ser impressioante que um erro nessa escala não fosse identificado pelos critérios rígidos de revisão por pares, que antecedem a publicação das comunicações científicas.
De qualquer maneira, o fato é grave e lembra-nos o caso do agrônomo Trofim Lyzenco, cientista com status de herói na extinta URSS, que fraudava resultados de pesquisa na medida em que crescia seu poder junto a nomenclatura, e a sua correspondente capacidade de silenciar críticas a seus assombrosos trabalhos, quase todos irreprodutíveis. Em termos científicos a consequência das fraudes de Lysenco foi um brutal freio nos estudos soviéticos sobre genética.
Cabe porém destacar que a situação de fraude identificada e denunciada pelos editores da Acta Chrystallographica repercutiu dolorosamente no governo chinês. O Ministério da Educação, na semana passada, nomeou comissão para a identificação de fraude e plágio em pesquisas desenvovlidas no país.
Claro que a atitude do governo chinês é elogiosa, mas, junto com a decisão de usar pente fino para identificar possíveis falsificações científicas, existe a absoluta necessidade das autoridades chinesas atentarem sobre quais as causas que levam a tais escândalos - dessemelhantes e com raiz comum, como o são a produção de remédios falsificados, de rações letais para animais e o achado de cristais que em verdade não passavam de lantejoulas.

Fontes consultadas:Acta Crystallographica, The Lancet, SciDev.

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