sábado, 17 de março de 2012

Shakespeare and Company: Uma Idéia em Dois Tempos

Shakespeare and Company by Itajai de Albuquerque
Shakespeare and Company, a photo by Itajai de Albuquerque on Flickr.
   
[A Shakespeare and Company ] é uma utopia socialista, disfarçada de livraria.
George Whitman
                  
Uma das paradas obrigatórias, nas minhas buquinagens pela margem esquerda do rio Sena, é a livraria Shakespeare and Company . Trata-se de uma livraria especializada em livros ingleses, situada no kilometro zero de Paris, bem defronte a um dos mais famosos cartões postais da cidade: a Catedral de Notre Dame.

A livraria original foi fundada por Sylvia Beach em 1917, funcionado até 1941 no 12 da Rue de Ódeon. O lugar era frequentado por escritores incluídos hoje no cânone da literatura universal. A coragem de miss Beach foi a responsável pela publicação da primeira edição de Ulysses de James Joyce, em tiragem de 1000 cópias.

Sim, senhoras & senhores, um dos mais importantes livros para a literatura inglesa e universal modernas foi editado pela primeira vez em 1922 na França, pois na Inglaterra e EUA ninguém se atrevera a fazê-lo, por o considerarem obra pornográfica!
Mas a Shakespeare and Company é uma idéia em dois tempos:
A primeira livraria foi fechada em 1940 após um incidente com um oficial nazista, para quem Sylvia Beach teria recusado a venda do último exemplar de Finnegans's Wake, de Joyce. Mesmo após a libertação de Paris com a derrota da Alemanha na II Guerra e o ato simbólico de liberação da livraria por Hemingway, as portas de fato não mais se abriram e a Shakespeare and Company virou mito nacional .

Depois do falecimento de Sylvia, o livreiro George Whitman refundou a Shakespeare and Company na década de 60, no mesmo local onde a visitei em 2003, no 37 da Rue de la Bûcherie. Whitman liderou a livraria de forma brilhante até o ano passado, quando veio a falecer, vitima de derrame cerebral, com quase cem anos de idade.
Atualmente a gerência do estabelecimento está a cargo de Sylvia Beach Whitman, filha e herdeira do antigo dono. Além do comércio de livros, a atual proprietária mantem a proposta original de fazer do lugar referência cultural para o livre debate e a difusão de idéias, à altura da interseção entre dois tempos definida a quatro mãos.

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