terça-feira, 16 de novembro de 2010

Uma Americana na Terra dos Vikings
























Petrus Christus. Retrato de uma jovem (circa 1460)


Considera-se que Cristovão Colombo foi quem introduziu na Europa os primeiros ameríndios, para lá conduzidos quando retornou das viagens que lhe garantiram lugar na História. Hoje, parece, a história não transcorreu exatamente desse modo. Estudo de demografia genética realizada em 80 membros de um família islandesa demonstrou a constância de genes que eram únicos no país, capazes de serem rastreados até o início do século XVIII.
O aprofundamento das pesquisas demonstrou um padrão genético caribenho, compatível com a presença de uma mulher ameríndia na Islândia, pelo menos há 1000 anos, quando o país esteve praticamente isolado de ondas migratórias. Como teria então essa mulher chegado a uma ilha tão longínqua quanto gelada?
Provavelmente, ao modo como aconteceria com seus conterrâneos 500 anos depois: fora para lá conduzida por guerreiros vikings, que antes de Colombo já circulavam pelo continente americano, conforme registro das lendas nórdicas. O desafio agora dos pesquisadores é buscar estabelecer com maior precisão o tempo em que esses fatos aconteceram. Os resultados da pesquisa estão publicados no American Journal of Physical Anthropology.

P.S. A publicação do Retrato de uma Jovem de Petrus Christus, pintor medieval flamengo, não possui qualquer relação de inferência com a pesquisa que revelou a presença de genes ameríndios na Islândia. Entretanto, quando eu iniciei a leitura da obra prima de Johan Ruizinga - O Outono da Idade Média -, fiquei inquieto tanto com a riqueza das vestes e adereços da modelo, quanto com o formato do seu rosto e olhos inegavelmente de fenotipo asiático. Eu então me perguntei como essa garota dos Países Baixos, que viveu pelos meados da Idade Média, havia adquirido esses olhos tão exóticos quanto belos? A possibilidade de miscigenação com povos asiáticos, pela contiguidade continental entre Ásia e Europa, foi a resposta que satisfez minhas dúvidas. Pois é: o conhecimento tem seus mistérios, encantos e enganos.

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