terça-feira, 1 de junho de 2010

Revelado o Terrível Segredo da Talidomida

Embora a medicina já houvesse definido um padrão característico das malformações congênitas provocadas pela talidomida, praticamente não sabia-se ainda o mecanismo molecular pelo qual o fármaco agia para provocar as graves anomalias fetais. Estudo de cientistas japoneses publicado na revista Science em março passado confirma que o efeito teratogênico da talidomida está relacionado uma proteína humana denominada cereblon, com quem o fármaco se combina formando um complexo. A cereblon está diretamente relacionada com reações biológicas que mediam o desenvolvimento dos embriões. A combinação talidomida-cereblon determina graves transtornos no dinâmica dessas reações orgânicas. O estudo foi realizado com células humanas de câncer de colo uterino e com peixe zebra, dois modelos clássicos para pesquisa in vitro.
A talidomida é um medicamento com 50 anos de comercialização, mas em decorrência de seus graves efeitos sobre fetos tem seu uso restrito. No Brasil existe lei federal que regula a sua distribuição e prescrição no sistema de saúde. Nos últimos anos a descoberta de um potente efeito da talidomida no controle da formação de vasos nos tecidos, fez com que o fármaco tenha adquirido nova indicação para o tratamento de alguns cânceres, como é o caso do mieloma múltiplo. A nova indicação levou a uma inovação incremental da antiga molécula de talidomida, com a síntese de derivados mais aperfeiçoados para uso no tratamento das neoplasias malignas. A elucidação do mecanismo com que a talidomida provoca malformações congênitas poderá levar ao desenvolvimento de uma molécula destituída desse potencial de lesão.

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