De vez em quando alguém diz que hoje se le menos, que os jovens não leem mais, que entramos, como afirmou um crítico americano, na idade do "Decline of Literacy". Eu não sei, certamente hoje as pessoas veem muita televisão, e existem indivíduos de risco que não veem nada além de televisão, assim como existem indivíduos de risco que gostam de injetar substâncias mortais na veia: mas também é verdade que nunca se imprimiu tanto quanto em nossa época, e que jamais como em nossos dias floresceram livrarias que parecem discotecas, cheias de jovens que, mesmo quando não compram, folheiam, examinam, informam-se.
O problema é antes, inclusive para os livros, o da abundância, da dificuldade de escolha, do risco de já não conseguir discriminar: é natural, a difusão da memória vegetal tem todos os defeitos da democracia, um regime no qual, para permitir que todos falem, é preciso deixar falarem também os insensatos, e até os cafajestes. Há o problema de como educar-se para escolher (...).
Extraído do livro de Umberto Eco - A Memória Vegetal e Outros Escritos sobre Bibliofilia (Record, 2010. 271 pg).
O problema é antes, inclusive para os livros, o da abundância, da dificuldade de escolha, do risco de já não conseguir discriminar: é natural, a difusão da memória vegetal tem todos os defeitos da democracia, um regime no qual, para permitir que todos falem, é preciso deixar falarem também os insensatos, e até os cafajestes. Há o problema de como educar-se para escolher (...).
Extraído do livro de Umberto Eco - A Memória Vegetal e Outros Escritos sobre Bibliofilia (Record, 2010. 271 pg).
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