A Penguin Books, editora de âmbito internacional, está presente no Brasil pelo menos há um ano, com a confirmação de que vende livros a preço justo em consórcio com a brasileira Companhia das Letras. Ao catálogo internacional, que guarda títulos importantes para o conhecimento, a parceria tem agregado obras para o Brasil, dos quais são exemplo, entre outros, o Essencial de Joaquim Nabuco, o Essencial de Padre Antônio Vieira (com inédito A Chave dos Profetas) e os Apontamentos de Viagem (J.A. Leite Moraes).
Dos bate-pernas dos chamados viajantes na Amazônia, Leite Moraes talvez seja um dos menos conhecidos, ainda que a paixão dos bibliófilos pague pequena fortuna para ter a primeira edição do livro, publlicado salvo engano pela Câmara Municipal de São Paulo, em edição de magra tiragem. Logo, reedições como essas da Penguim e, seja dito, antes a da Companhia das Letras são importantes para a perenidade do instantâneo que Leite Moraes deu ao público de sua época e às gerações do futuro (em última forma, publicações almejam sempre a eternidade).
Haroldo Maranhão, patrono desse blog, não selecionou Mello Moraes para compor sua revisão literária, a que deu o título de Pará, Capital: Belém/ Memórias & Pessoas & Coisas & Loisas da Cidade (Prefeitura de Belém, 2000). Não importa, pois esses Apontamentos de Viagem, escrito pelo avô do maior intelectual brasileiro já havido - Mário de Andrade -, é obra de importância para o estudo da civilização na Amazônia entre o fim do século XIX e o início do XX, ainda que não acresça de maior originalidade aos registros realizados por outros que, advindos aos trópicos com o espírito de capitalistas da Segunda Revolução Industrial, interpretavam com bom ânimo o pensamento e o empreendedorismo, enquanto silenciavam sobre a violência escancarada e as omissões das elites na fronteira amazônica do capitalismo.
Não é segredo que permanecemos fronteira de riqueza, cobiças e vícios do capital. E essas reflexões à maneira da que nos foi legada por Mello Moraes, de que "em Belém tudo é grande e tudo indica o desenvolvimento daquele povo", ao tempo em que o Pará e Belém representavam faces do mesmo ente, mas não escapes do inevitável espelhamento entre o discurso Belle Époque de Paris n'América e o que de fato foi construído nas sequências entrantes do futuro, hoje misère obligé (criação do poeta José Paulo Paes) constituem para nós, paraenses, um doloroso legado que, confrontado com a degradação experimentada ao longo de um século, representa a apavorante constatação de que a ópera dessas elites se reduz a um drama desvirtuoso, que ofende por onde se escute ou leia aos mais comezinhos princípios do direito e da moralidade pública.
Para remédio que supere essa farsa /farra grotesca, só nos resta chamar a quem nos bastidores sempre esteve; a quem tudo assistiu bestializado e violentado no mato, na senzala e nas atualizados reservas de miséria da capital e do interland paraense: O povo, ou os bárbaros como preferem alguns, pois só ele permitirá reverter essa empreitada de bucaneiros. Como disse a clarividência poética do grego Kaváfis - Sem bárbaros o que será de nós? / Ah! eles eram uma solução.
Dos bate-pernas dos chamados viajantes na Amazônia, Leite Moraes talvez seja um dos menos conhecidos, ainda que a paixão dos bibliófilos pague pequena fortuna para ter a primeira edição do livro, publlicado salvo engano pela Câmara Municipal de São Paulo, em edição de magra tiragem. Logo, reedições como essas da Penguim e, seja dito, antes a da Companhia das Letras são importantes para a perenidade do instantâneo que Leite Moraes deu ao público de sua época e às gerações do futuro (em última forma, publicações almejam sempre a eternidade).
Haroldo Maranhão, patrono desse blog, não selecionou Mello Moraes para compor sua revisão literária, a que deu o título de Pará, Capital: Belém/ Memórias & Pessoas & Coisas & Loisas da Cidade (Prefeitura de Belém, 2000). Não importa, pois esses Apontamentos de Viagem, escrito pelo avô do maior intelectual brasileiro já havido - Mário de Andrade -, é obra de importância para o estudo da civilização na Amazônia entre o fim do século XIX e o início do XX, ainda que não acresça de maior originalidade aos registros realizados por outros que, advindos aos trópicos com o espírito de capitalistas da Segunda Revolução Industrial, interpretavam com bom ânimo o pensamento e o empreendedorismo, enquanto silenciavam sobre a violência escancarada e as omissões das elites na fronteira amazônica do capitalismo.
Não é segredo que permanecemos fronteira de riqueza, cobiças e vícios do capital. E essas reflexões à maneira da que nos foi legada por Mello Moraes, de que "em Belém tudo é grande e tudo indica o desenvolvimento daquele povo", ao tempo em que o Pará e Belém representavam faces do mesmo ente, mas não escapes do inevitável espelhamento entre o discurso Belle Époque de Paris n'América e o que de fato foi construído nas sequências entrantes do futuro, hoje misère obligé (criação do poeta José Paulo Paes) constituem para nós, paraenses, um doloroso legado que, confrontado com a degradação experimentada ao longo de um século, representa a apavorante constatação de que a ópera dessas elites se reduz a um drama desvirtuoso, que ofende por onde se escute ou leia aos mais comezinhos princípios do direito e da moralidade pública.
Para remédio que supere essa farsa /farra grotesca, só nos resta chamar a quem nos bastidores sempre esteve; a quem tudo assistiu bestializado e violentado no mato, na senzala e nas atualizados reservas de miséria da capital e do interland paraense: O povo, ou os bárbaros como preferem alguns, pois só ele permitirá reverter essa empreitada de bucaneiros. Como disse a clarividência poética do grego Kaváfis - Sem bárbaros o que será de nós? / Ah! eles eram uma solução.
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