Estava no conforto de casa, quando atendi ao convite de um amigo, de passagem por Brasília-DF, para que juntos jantássemos. A companhia e a comida alemã combinaram a decisão. Porém, antes de chegar ao restaurante, resolvi ir ao super-mercado e comprar umas pilhas para fazer funcionar uma lixeira eletrônica de 50 litros, item esse reputado como de luxo exorbitante pela imprensa brazuca, e que motivou a renúncia do reitor de umas das mais importantes universidades brasileiras, sob a alegação de comportamento perdulário.
Tudo, essa e outras alegações, conformavam na verdade uma embrulhada para servir à luta de facções políticas na sucessão universitária. Para aquele reitor, detentor de um cargo público cobiçado, a traquitana tecnológica fora reputada como coisa de milionário, quando para mim, três anos depois, seria vendida por 170 reais no tal do Sam's Club. Mas esse parentese não representa o mote da glosa, que tem na imprevisibilidade do homem para fazer valer seu senso de oportunidade a razão de ser.
Pois bem. Escolhidas as pilhas, fui à fila para pagá-las. Os caixas-rápidos se reduziam a uma só, que extendia-se por duas fileiras de gôndolas, tal qual as duas outras - dentre as quais incluia-se a preferencial para idosos, gestantes e clientes com deficiência física. Como sou estranho às três categorias de clientes, escolhi aquela que prometia ser mais célere.
Pois ali estava enfileirado bovinamente, quando de súbito o estrondo de um tapa sobre uma mesa despertou da sonolência o gerente com uma cara de quem viu assombração. Um brutamontes gritou com o o seu carão a um palmo da fuça gerencial:
Manda abrir outra porra de caixa, que não quero mais esperar! Sou maluco e estou armado !!!
O gerentinho de súbito ágil nem titubeou, e por graça nem teve a idéia de cobrar algum atestado que comprovasse a justificativa do cliente, ou perguntar se havia algum médico presente no recinto como é praxe nas companhias aéreas, sempre que alguém passa mal. Prestativa a gerência logo providenciou a abertura de outro caixa, com a concorrência de uma funcionária que por ali namoricava um empacotador, ambos por igual enrolando no serviço.
Atendido o auto-proclamado maluco, depois dele formou-se uma fila meio tímida no caixa improvisado, a qual integrei sem pestanejar, pois não podia perder mais tempo ali, nem o do meu amigo que me aguardava para jantar. Mas ainda houve tempo para lembrar de que, quando menino, em Belém, era comum algum desordeiro alegar em seus desatinos que não adiantaria chamar-se a polícia, porque nada aconteceria com alguém com atestado do Hospício Juliano Moreira - documento que aliás nunca se veria, embora alguns alegassem que seria firmado por um certo doutor Durvalino - personagem fictício decerto calcado na existência de homônimo professor de Psicologia Médica, que eu viria encontrar anos depois na faculdade.
Tudo, essa e outras alegações, conformavam na verdade uma embrulhada para servir à luta de facções políticas na sucessão universitária. Para aquele reitor, detentor de um cargo público cobiçado, a traquitana tecnológica fora reputada como coisa de milionário, quando para mim, três anos depois, seria vendida por 170 reais no tal do Sam's Club. Mas esse parentese não representa o mote da glosa, que tem na imprevisibilidade do homem para fazer valer seu senso de oportunidade a razão de ser.
Pois bem. Escolhidas as pilhas, fui à fila para pagá-las. Os caixas-rápidos se reduziam a uma só, que extendia-se por duas fileiras de gôndolas, tal qual as duas outras - dentre as quais incluia-se a preferencial para idosos, gestantes e clientes com deficiência física. Como sou estranho às três categorias de clientes, escolhi aquela que prometia ser mais célere.
Pois ali estava enfileirado bovinamente, quando de súbito o estrondo de um tapa sobre uma mesa despertou da sonolência o gerente com uma cara de quem viu assombração. Um brutamontes gritou com o o seu carão a um palmo da fuça gerencial:
Manda abrir outra porra de caixa, que não quero mais esperar! Sou maluco e estou armado !!!
O gerentinho de súbito ágil nem titubeou, e por graça nem teve a idéia de cobrar algum atestado que comprovasse a justificativa do cliente, ou perguntar se havia algum médico presente no recinto como é praxe nas companhias aéreas, sempre que alguém passa mal. Prestativa a gerência logo providenciou a abertura de outro caixa, com a concorrência de uma funcionária que por ali namoricava um empacotador, ambos por igual enrolando no serviço.
Atendido o auto-proclamado maluco, depois dele formou-se uma fila meio tímida no caixa improvisado, a qual integrei sem pestanejar, pois não podia perder mais tempo ali, nem o do meu amigo que me aguardava para jantar. Mas ainda houve tempo para lembrar de que, quando menino, em Belém, era comum algum desordeiro alegar em seus desatinos que não adiantaria chamar-se a polícia, porque nada aconteceria com alguém com atestado do Hospício Juliano Moreira - documento que aliás nunca se veria, embora alguns alegassem que seria firmado por um certo doutor Durvalino - personagem fictício decerto calcado na existência de homônimo professor de Psicologia Médica, que eu viria encontrar anos depois na faculdade.
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