sábado, 19 de março de 2011

Terremotos e Tsunamis: Uma Visão de Espírito Livre





































A localização peculiar do Japão, na região de grandes falhas geológicas no Oceano Pacífico, faz com que terremotos e tsunamis compareçam com frequência nos registros dessa extraordinária cultura. O termo tsunami teve seu registro de uso em língua portuguesa por volta de 1897, com o significado de onda marinha gigante no porto (tsu = porto + nami = vaga).
A famialiridade do Japão com esse perigoso fenômeno da natureza, tanto motivado por abalos sísmicos quanto por erupção vulcânica, decorre da circunstância geográfica e da relação estabelecida dos pescadores japoneses com o mar, quando se deparavam com essas enormes ondas que promoviam toda sorte de prejuízos nos barcos, quando não perdas humanas. Nessa ocasião, de retorno ao porto, ao se proceder a inspeção nos barcos era uso corrente referir-se a tsunami como causa das avarias observadas.
No último abalo sísmico, seguido de um tsunami devastador, alguns artistas no Japão e também aqui no Brasil produziram obras retratando o maremoto. Os desenhistas foram severamente criticados por leitores, que reclamaram indignados da falta de respeito com o fato lutuoso. Quanto a mim não vi nas imagens publicadas nenhuma ofensa ao Japão ou às vítimas do desastre natural. Se percorrermos as galerias dos gênios da gravura japonesa, iremos encontrar registros semelhantes aos que foram motivos de reprovação, ao modo de testemunhos do poder dessas ondas no imaginário dos homens.
Sensíveis ao poderes e aos ciclos da natureza, os artistas japoneses da pintura, do cinema e da literatura não poucas vezes buscaram estabelecer um diálogo com essas forças que moldam a experiência e os destinos humanos, buscando-lhes aproximações e identidades. É o caso dessa última ilustração, em que o artista explora o erotismo para estabelecer uma comparação entre duas imagens que deixam de ser antagônicas quando as relacionamos ao poder das energias que subjazem na realidade a que aludem.

Ilustrações (de cima para baixo): A Grande Onda de Kanagawa (Hosukai Katsushika: 1760 - 1849); Trinta e Seis Imagens do Monte Fuji (Ando Hiroshige: 1797 - 1858) e Oito Visões de Omi (Utagawa Kuniyoshi: 1797 - 1861).

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