sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Eppur si Muove: Pela Alma de Galileo Galilei, Oremos

Depois de 400 anos de exílio determinado pela inquisição da Igreja Católica Apostólica Romana, foi oficiada hoje no Vaticano missa pela alma de Galileu Galilei. O ofício da eucaristia ficou sob a responsabilidade do arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura e para o ato misericordioso foram convidados inúmeros cientistas de renome mundial. A missa celebrada soma-se ao conjunto de cerimônias do Ano da Astronomia, comemorado em 2009.
Segundo o arcebispo Ravasi existe maturidade na Igreja de São Pedro para reavaliar o papel e a obra do célebre astrônomo italiano:
Galileu foi o primeiro homem que olhou com um telescópio para o céu. Abriu para a humanidade um mundo até então pouco conhecido, ampliando os confins de nosso conhecimento e obrigando a reler o livro da natureza com outros olhos. A Igreja deseja honrar a figura de Galileu, genial e filho da Igreja.
Galileu Galilei junto com Giordano Bruno foi levado até a Santa Inquisição para abjurar do pecado de difundir idéias contrárias aos princípios canônicos vigentes. Giordano recusou-se a baixar a cabeça para os verdugos do conhecimento científico e foi condenado a morte, queimado vivo. Galileu concordou e sobreviveu, não sem antes, segundo contam, repetir para si sua convicção de que a Terra gira em torno do Sol: Eppur si muove. Condenado a prisão perpétua domiciliar morreu de causas naturais, cercado da família e dos discípulos que manteve. Contudo, até o papado de João Paulo II foi considerado um herege e, principalmente, uma figura histórica incômoda exatamente por tensionar a relação entre ciência e religião, a vista de que sua teoria na medida em que as forças materiais da humanidade foram se desenvolvendo só fez século após século ser confirmada.
Nesse processo de revisão do processo de Galileu Galilei teve destaque um dos maiores cientistas brasileiros da época, o biofísico Carlos Chagas Filho, que presidia a Academia Pontifícia de Ciências do Vaticano. Foi ele o responsável por liderar durante 18 anos o chamado antiprocesso que permitiu a João Paulo II, na cerimônia de reabilitação de Galileu Galilei, afirmar com aquela ética que sempre o caracterizou: O caso Galileu era o símbolo da pretendida recusa pela Igreja do progresso científico, ou bem o símbolo do obscurantismo "dogmático", oposto à livre pesquisa da verdade.

Nenhum comentário: