Ao longo do século XX, na medida em que o cinema - a arte do movimento (gr. Kinema) - atraía o gosto dos espectadores e um mercado se estruturava, sucederam-se incorporações tecnológicas com o objetivo de elevar a qualidade da obra ao máximo de proximidade da realidade, como o foram a sonoridade, a colorização, os registros de som e imagem em formato digital, os efeitos especiais - como nunca dantes vistos e hoje garantidos por computador -, e também a pureza do registro sonoro quadrifônico, a tridimensionalidade e a portabilidade das imagens que faz com que filmes sejam projetados em telas seguras na palma das mãos, ou mesmo inteiramente filmados em um celular Nokia N-8, que é o caso de Olive, longa dirigido pelo cineasta Hooman Kalili, com a atriz Gena Rowlands no papel principal.
Mas o cinema como arte não é um somatório tecnológico, nem estuário para centenas de cadeias produtivas relacionadas a efetivar a produção de um filme, ou a valorização das ações dos estúdios.
O elemento central de uma arte é a linguagem própria, ou a sua capacidade de comunicar e transcender no tempo e entre diferentes gerações uma mensagem, numa fórmula que, resumida, seria algo que, no caso, só pelo cinema tal fato poderia ser relatado com a dramaticidade ou comicidade adequadas, apesar das influências políticas e de mercado que operam naquele instante histórico, a despeito da competência comunicativa de outras artes.
Nesse duelo entre arte e artistas & financistas e mercado, nesse debate ideológico de concepções do que seja o cinema como linguagem e comunicação, livres para uma função verdadeiramente artística e com bases nas tensões dos anos 60/70, recupera esse debate o artigo divulgado na newsletter da edição brasileira do Le Monde Diplomatique - "A Obra Prima e a Elite Cultural" -, assinado por Bruno Carmelo. Contudo, ao modo como fosse as luzes néon em rua deserta, após a chuva - e quão tristes nessa condição elas me parecem -, ecoa nesse embate a frase enigmática do início de "O Cavalo de Turim" (Turim Horse, dir. Béla Tarr, 2011), dita por Nietzsche antes de mergulhar de vez na sombra e no silêncio da insanidade que marcou-lhe o fim dos dias; ouvida dias depois que o filósofo tentou impedir na rua a violência contra um cavalo por um cocheiro: Mutter ich bin dumm (Mãe, eu sou um estúpido!).
Mas o cinema como arte não é um somatório tecnológico, nem estuário para centenas de cadeias produtivas relacionadas a efetivar a produção de um filme, ou a valorização das ações dos estúdios.
O elemento central de uma arte é a linguagem própria, ou a sua capacidade de comunicar e transcender no tempo e entre diferentes gerações uma mensagem, numa fórmula que, resumida, seria algo que, no caso, só pelo cinema tal fato poderia ser relatado com a dramaticidade ou comicidade adequadas, apesar das influências políticas e de mercado que operam naquele instante histórico, a despeito da competência comunicativa de outras artes.
Nesse duelo entre arte e artistas & financistas e mercado, nesse debate ideológico de concepções do que seja o cinema como linguagem e comunicação, livres para uma função verdadeiramente artística e com bases nas tensões dos anos 60/70, recupera esse debate o artigo divulgado na newsletter da edição brasileira do Le Monde Diplomatique - "A Obra Prima e a Elite Cultural" -, assinado por Bruno Carmelo. Contudo, ao modo como fosse as luzes néon em rua deserta, após a chuva - e quão tristes nessa condição elas me parecem -, ecoa nesse embate a frase enigmática do início de "O Cavalo de Turim" (Turim Horse, dir. Béla Tarr, 2011), dita por Nietzsche antes de mergulhar de vez na sombra e no silêncio da insanidade que marcou-lhe o fim dos dias; ouvida dias depois que o filósofo tentou impedir na rua a violência contra um cavalo por um cocheiro: Mutter ich bin dumm (Mãe, eu sou um estúpido!).
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