sábado, 19 de novembro de 2011

NOT THIS PIG: A Poesia de Philip Levine



















Philip Levine. Foto de David Shankbone (2006). Creative Commons.


Philip Levine, nascido e criado em Chicago durante a Grande Depressão, é um poeta quer da classe trabalhadora na dimensão de sua universalidade. Foi trabalhador da indústria automobilística, onde chegou a fazer "trabalho estúpido". Bacharel e Mestre em Artes pela Wayne State University, faz uma poesia que é marcada de ceticismo em relação ao American Way of Life e também pela herança dos valores judaicos legados por seus pais.
Seus poemas são como fossem instantâneos que revelam uma teia social contínua e insidiosa que atrai, aprisiona e distancia para uso as pessoas. Como a locomotiva e o narrador do poema que aqui transcrevo, trazido de um de seus primeiros livros publicados - NOT THIS PIG (1968) -, em tradução e com os erros que me pertencem.
Laureadíssimo, Levine recebeu entre outros prêmios o Lenore Marshall Poetry Prize, dois National Book Critics Circle Awards (1980) e o National Book Award in Poetry (1991). É professor da California State University. No Brasil sua obra foi tema da dissertação de mestrado de Vinicius França da Silveira - "A Poesia de Philip Levine: Estudo Seguido de Pequena Antologia Traduzida e Comentada" (Unicamp, 2011).

Em Toledo, Quase Voltando pra Casa

Nós paramos no terraço do bar,
Bebemos e vimos os fazendeiros de sempre.
Com olhares censuravam por trazermos
Conosco um trabalhador grosseiro: Ele
Que do acostamento da estrada
Ria-se, acenava e mijava sobre a neve
A quarenta milhas geladas do lar.

Quando a locomotiva enguiçou
Nos juntamos em círculo.
Apenas nossas respirações
E o som da neve era ouvido.

Depois, noutro tempo, noutra cidade
No segundo dia de um novo ano
Já velho, antes do amanhecer
Nós a encontramos em cores pálidas
Como houvesse caído no sono
E, na sua pobreza abandonada,
Despertasse numa gare de vidro
Sob um teto de madeira barata.

Irmãos e amigos, eu lhes chamei alto
Por vocês algumas esposas
E crianças vieram - faces consoladoras -
e diziam "pai" e "marido".

Vocês nunca responderam.
Sob as estrelas congeladas
Não ouviram naquele velho ano,
O ranger da neve amontoando-se
Nem sentiram o ar zinabre da escória
Reunida a vinte milhas ao Sul de Ecorse.
Vocês que estavam felizes, cansados
E não voltavam para casa.

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