Morreu o Professor Meirevaldo Paiva às 16 horas de hoje, aos 70 anos idade, em plena atividade laborativa. Não foi homem de ideologias políticas, nem de agitar bandeiras ou fustigar o ar com o braço esquerdo, mas tinha a sensibilidade aguçada para reconhecer que as dores de nosso sistema de educação agravam a cadeia de sofrências de nosso povo. Na condição de um homem de letras, foi um digno pastor na seara do ensino, praticando-o com uma admirável simplicidade no trato com os alunos e seus pares - coisa rara entre os intelectuais brasileiros.
Já alguns anos não o via, e penso que a última vez foi em 2002, ano em que foi convidado a desenhar e conduzir o projeto pedagógico da Secretaria de Saúde de Belém, quando o Partido dos Trabalhadores administrava Belém pelas mãos então prefeito Edmilson Rodrigues, também professor. Lembro -lhe na empolgação com a tarefa e com o alcance que ela teria se os resultados pretendidos desse a empreitada.
Desenhava-se ali a primeira experiência de gestão do conhecimento numa secretaria municipal de Belém do Pará, que reconhecia o Sistema Único de Saúde como instituição produtora e gestora de conhecimento para os seus trabalhadores e para a comunidade. Infelizmente, com a substituição do prefeito em segundo mandato, o projeto pedagógico e outros avanços da administração pública municipal foram levados de roldo ao estado atual de estupidez...
Mas não quero lembrar de outras tristezas nesta hora, já por demais triste. Ao modo de homenagem e consolo, e por impossibilitado de comparecer ao enterro do Professor, transcrevo aqui um poema de Henriqueta Lisboa:
O Pastor
Sou um simples pastor
de sandália e estamenha,
meu cajado é bem tosco.
Porém dói na minha alma
cada espinho na carne
delicada da ovelha.
Dói-me saber que a doce lã
da minha ovelha se emaranha
nos carrascais espessos.
Dói-me saber que a alvura
pela eucaristia - tão sua -
cobriu-se de cinza e poeira.
Busco-a de recanto em recanto
através de todos os tempos.
Descubro às vezes o seu rastro
numa rósea gota de sangue.
Mas ela foge ao meu encalço
como se me desconhecesse.
Busco-a, no entanto, somente
para revesti-la de lírios
- a que minhas cãs imitam;
para a sede mitigar-lhe
na mais límpida fonte
(a que se juntam minhas lágrimas);
para levá-la nos ombros
aonde se encontra a vida;
para morrer - como pastor -
depois de havê-la no redil.
Já alguns anos não o via, e penso que a última vez foi em 2002, ano em que foi convidado a desenhar e conduzir o projeto pedagógico da Secretaria de Saúde de Belém, quando o Partido dos Trabalhadores administrava Belém pelas mãos então prefeito Edmilson Rodrigues, também professor. Lembro -lhe na empolgação com a tarefa e com o alcance que ela teria se os resultados pretendidos desse a empreitada.
Desenhava-se ali a primeira experiência de gestão do conhecimento numa secretaria municipal de Belém do Pará, que reconhecia o Sistema Único de Saúde como instituição produtora e gestora de conhecimento para os seus trabalhadores e para a comunidade. Infelizmente, com a substituição do prefeito em segundo mandato, o projeto pedagógico e outros avanços da administração pública municipal foram levados de roldo ao estado atual de estupidez...
Mas não quero lembrar de outras tristezas nesta hora, já por demais triste. Ao modo de homenagem e consolo, e por impossibilitado de comparecer ao enterro do Professor, transcrevo aqui um poema de Henriqueta Lisboa:
O Pastor
Sou um simples pastor
de sandália e estamenha,
meu cajado é bem tosco.
Porém dói na minha alma
cada espinho na carne
delicada da ovelha.
Dói-me saber que a doce lã
da minha ovelha se emaranha
nos carrascais espessos.
Dói-me saber que a alvura
pela eucaristia - tão sua -
cobriu-se de cinza e poeira.
Busco-a de recanto em recanto
através de todos os tempos.
Descubro às vezes o seu rastro
numa rósea gota de sangue.
Mas ela foge ao meu encalço
como se me desconhecesse.
Busco-a, no entanto, somente
para revesti-la de lírios
- a que minhas cãs imitam;
para a sede mitigar-lhe
na mais límpida fonte
(a que se juntam minhas lágrimas);
para levá-la nos ombros
aonde se encontra a vida;
para morrer - como pastor -
depois de havê-la no redil.
3 comentários:
Que perfeita colocação, tive a honra de ser aluno e de poder receber poucos, mas grandiosos conhecimentos desse maravilhoso mestre. Sentirei imensas saudades,
Geovanni Rocha
Uma pena ele ter morrido, um homem fantástico e simples. Principalmente, bom amigo de todos.
Itajai linda e justa cronica
perfeito o poema
muitas saudades
Suzy
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