terça-feira, 11 de agosto de 2009

À Francesa: Grippe

























Na história da Humanidade, epidemias sempre estiveram presentes. Antes que a ciência compreendesse o papel das bactérias, fungos e vírus na origem das doenças infecciosas o mundo as compreendia como resultado de flagelos divinos ou de contágio com emanações de máteria em decomposição (miasma). Entretanto a compreensão dos mecanismos das doenças não foram necessariamente acompanhados em paralelo com avanços no modo de tratar as doenças infecciosas. Até a descoberta e produção comercial da penincilina nos anos 40 do século passado, a medicina estava limitada a tratamentos hoje anedóticos, embora representassem a única possibilidade terapêutica que os clínicos de família tinham à mão.
A ilustração deste post foi retirada da versão digital do Dicionário de Medicina Popular, (ed. 1890) de Pedro Leão Chernoviz, disponível no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, e exemplifica como seria o tratamento recomendável para alguém acometido de resfriado. O livro é um clássico da História da Medicina Brasileira e foi bastante utilizado entre nós no século 19 , especialmente em lugares distantes, onde não haviam médicos e boticas. Na Amazônia, por exemplo, há notícias de seu uso até no primeiro quarto do século 20 tanto entre famílias da região, quanto no comércio de regatão que atendia os seringueiros nos confins da floresta.
No Dicionário, o termo grippe, de origem francesa e internacionalizado desde 1743, é descrito como termo vulgar para a descrição de bronquite epidêmica, associando-lhe um quadro clínico onde predominam a febre, a tosse, dor de garganta, vermelhidão dos olhos e prostração. O autor, como podemos observar, dá ao quadro gripal uma origem infecciosa (epidêmica), ainda que a limite como doença do aparelho respiratório, quando na verdade, hoje sabemos, ela o é sistêmica, isto é, o vírus circula por todo o organismo. Nos casos de maior gravidade da gripe suína (H1N1), por exemplo, temos lesões pulmonares, renais e hepáticas. Entretanto, no tempo de Chernoviz, os tratamentos de gripe e resfriado (hoje constipação está em desuso) não apresentavam diferenças significativas, demonstrando os limites da ciência.

Caso haja desejo de ampliar a imagem anexa, basta um duplo clique sobre ela.

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