quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Transmissão Vertical da AIDS: É Possível Interromper?

A interrupção da chamada transmissão vertical do HIV/AIDS - de mãe para filho - como objetivo de saúde pública é hoje possível com base em estratégias de educação em saúde e acesso a medicamentos. Entretanto, para que tal aconteça, é necessário que os países pobres e em desenvolvimento possuam sistemas de saúde organizados e recursos financeiros adequados para financiar aquelas ações . Nesse sentido, permanece como foco de preocupação humanitária o quadro situacional da AIDS nos países africanos da região subsaariana, onde ocorrem 90% dos casos mundiais de transmissão vertical da doença. Além da extrema pobreza, da dificuldade de acesso a bens e serviços de saúde, contribuem para a gravidade da situação a segregação de gênero e a violência a que as mulheres estão submetidas pela cultura tribal que ali prevalece.
Detalhes sobre a questão da transmissão vertical da AIDS podem ser lidos intregralmente na revista British Medical Journal.

Voz Materna Acalma

Da Revista Mente Cérebro: Em meio a uma tarefa estressante, receber um abraço da mãe pode ser tão relaxante quanto ouvir a voz dela por telefone. Um estudo feito na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, mostrou que nas duas situações as voluntárias tiveram uma diminuição imediata da liberação do hormônio do estresse (cortisol) e um aumento também rápido da secreção da oxitocina, conhecida como o hormônio do amor ou do afeto. O mesmo não ocorreu quando a opção das participantes era assistir um a vídeo de 75 minutos com uma mensagem emocionalmente neutra enviada pela mãe.
No artigo publicado na Proceedings of the Royal Society B, pesquisadores da Universidade de Wisconsin (EUA) discutem os aspectos evolutivos que fazem a ligação afetiva tão importante para as mulheres em situação de estresse ou risco à vida. Nos homens a reação tende a ser de luta ou fuga. O que eles não imaginavam é que, em mulheres, um simples telefonema pudesse desencadear uma resposta tão intensa do hormônio ocitocina.

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O artigo Social Vocalizations Can Release Oxytocin in Humans tem acesso restrito aos assinantes da revista, mas o resumo é livre para leitura:

Vocalizations are important components of social behavior in many vertebrate species, including our own. Less well-understood are the hormonal mechanisms involved in response to vocal cues, and how these systems may influence the course of behavioural evolution. The neurohormone oxytocin (OT) partly governs a number of biological and social processes critical to fitness, such as attachment between mothers and their young, and suppression of the stress response after contact with trusted conspecfics. Rodent studies suggest that OT's release is contingent upon direct tactile contact with such individuals, but we hypothesized that vocalizations might be capable of producing the same effect. To test our hypothesis, we chose human mother–daughter dyads and applied a social stressor to the children, following which we randomly assigned participants into complete contact, speech-only or no-contact conditions. Children receiving a full complement of comfort including physical, vocal and non-verbal contact showed the highest levels of OT and the swiftest return to baseline of a biological marker of stress (salivary cortisol), but a strikingly similar hormonal profile emerged in children comforted solely by their mother's voice. Our results suggest that vocalizations may be as important as touch to the neuroendocrine regulation of social bonding in our species.

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Comentário do Blogueiro

Eu estou sem ouvi-la há quase dois anos, irremediavelmente. Luto por recordar lhe a voz sempre nos momentos mais difíceis que vivo; e me faz bem escutar essas lembranças que ainda ecoam fortes.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Doença de Alzheimer no Mundo

Este mê realiza-se a semana de luta contra o Alzheimer, doença neurológica marcada pelo desenvolvimento de demência progressiva e incapacitante. O panorama mundial é preocupante e as causas da enfermidade são ainda motivo de investigação e debates entre os pesquisadores.
Na agência de notícias EurekAlert foi publicado interessante artigo sobre a situação do Alzheimer no mundo, do qual extrai o seguinte trecho:

Os custos mundiais de demência poderá ultrapassar 1% do PIB global em 2010, isto é, U$ 604.000.000.000.

* Se o custo global utilizado no cuidado com a demência fosse relacionado a um país, esse seria a 18a. maior economia do mundo. Se fosse uma empresa, seria a maior do mundo com receita anual superior ao Wal-Mart (E.U. 414,000 milhões dólares) e a Exxon Mobil (E.U. 311.000 milhões dólares).

* O número de pessoas com demência vai dobrar até 2030, e mais que triplicará até 2050.

* Os custos de cuidar de pessoas com demência devem subir ainda mais rápido do que a prevalência (número de casos diagnósticados no espaço temporal), especialmente no mundo em desenvolvimento.

* Relatórios de vários países, como do Reino Unido, sugerem que a demência é uma das doenças mais caras da atualidade e os recursos financeiros para investigação ainda estão em nível muito aquém do necessário.

O texto publicado no EurekAlert está disponível para leitura aqui.

Uma Escolha a Ser Feita

De vez em quando alguém diz que hoje se le menos, que os jovens não leem mais, que entramos, como afirmou um crítico americano, na idade do "Decline of Literacy". Eu não sei, certamente hoje as pessoas veem muita televisão, e existem indivíduos de risco que não veem nada além de televisão, assim como existem indivíduos de risco que gostam de injetar substâncias mortais na veia: mas também é verdade que nunca se imprimiu tanto quanto em nossa época, e que jamais como em nossos dias floresceram livrarias que parecem discotecas, cheias de jovens que, mesmo quando não compram, folheiam, examinam, informam-se.
O problema é antes, inclusive para os livros, o da abundância, da dificuldade de escolha, do risco de já não conseguir discriminar: é natural, a difusão da memória vegetal tem todos os defeitos da democracia, um regime no qual, para permitir que todos falem, é preciso deixar falarem também os insensatos, e até os cafajestes. Há o problema de como educar-se para escolher (...).

Extraído do livro de Umberto Eco - A Memória Vegetal e Outros Escritos sobre Bibliofilia (Record, 2010. 271 pg).

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mercado de genéricos tem maior crescimento desde 2003 | Valor Online

O mercado de medicamentos genéricos teve o maior crescimento semestral registrado pelo setor desde 2003 ao crescer 34,1% em volume, frente ao mesmo período de 2009.

De acordo com levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), foram comercializadas no período 200 milhões de unidades, contra 149,4 milhões nos seis primeiros meses de 2009, o que gerou vendas de R$ 2,8 bilhões, alta de 38,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com o resultado, a participação de mercado dos genéricos avançou, fechando o primeiro semestre de 2010 com 20,5% de market share (em unidades), 2,5 pontos percentuais acima do registrado no mesmo período do ano passado (18%).

Pelo critério valor, os genéricos encerraram o semestre com 16,5% de market share (em dólares), contra 14,5% registrado em igual período do ano anterior.

De acordo com o presidente da Pró Genéricos, Odnir Finotti, o crescimento das vendas reflete o bom momento econômico com o aumento da renda, do consumo e do acesso, o que deve levar o setor a fechar o ano com crescimento superior a 30%, acima dos 20% e 25% previstos no início do ano.

De acordo com a Pró Genéricos, desde que surgiram os primeiros genéricos no mercado, em 2001, os consumidores brasileiros já economizaram cerca de R$ 15 bilhões por substituição de produtos de marca pelos genéricos, que custam, em média, 50% a menos que os medicamentos de referência.

(Tatiana Schnoor | Valor: 03/08/2010)

domingo, 19 de setembro de 2010

A Bela Mexicana Que Mora Em Casa

















































Permitam apresentar-lhes a orquídea ... Arpophyllum gigantea, vestida para brilhar nesse setembro de luz e cor, de começo de primavera!

sábado, 18 de setembro de 2010

De livros, Internete e Striptease


















Junto com um presente recebo um cartão da editora alemã Taschen, que completa 25 anos. Muito bonito na composição gráfica e certeiro no diagnóstico: Livros ricos para tempos pobres. De fato, em termos comparativos quanto a qualidade, a profusão de nossa produção intelectual não supera os resultados obtidos nas primeiras décadas o do século XX, muitos deles formadores de tendências, escolas e movimentos que perduram até hoje.
Em nosso tempo, embora tenhamos vias extraordinárias de comunicação, nosso prato de resistência na internete não passa da troca de bilhetinhos digitais na base do a quem interessar possa, que não poucas vezes revelam a indigência de leitura de quem os assina, ou não, pois sob a tolerância do anonimato não poucas vezes os missivistas demonstram a esqualidez de seus pensamentos com uma desenvoltura que combina a nudez exposta das stripteasers profissionais com a velocidade do mais amoral dos sátiros.
A situação é mais aguda no Brasil, uma república com perfil promissor no mercado econômico mundial, que nunca executou uma política pública efetiva na formação de leitores numa população marcada pela desigualdade de acesso a bens culturais e materiais. Além do que, seguida à redemocratização em 1985, o sistema educacional brasileiro manteve a prescrição de subtrair do aluno médio e de nível superior a possibilidade de adquirir referências teóricas que permitissem a elaboração de um humanismo para além da competência no uso da maquinaria técnica e o seu correspondente aproveitamento no mercado do trabalho.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

OMS: Mortalidade Materna Decai

Todo nascimento deve ser seguro e toda gravidez desejada.
A falta de cuidados de saúde materna viola os direitos das mulheres à vida,
à saúde, à igualdade e a não discriminação.
Thoraya Ahmed Obaid, Director Executivo da UNFPA
(Fundo das Nações Unidas para Populações)

O dia inicia com uma notícia animadora. A Organização Mundial da Saúde informa que em 2008, no mundo, a mortalidade de mulheres relacionadas à problemas na gestação caiu 38%. Sem dúvida é uma notável vitória para aqueles que conduzem políticas públicas de saúde, ainda que a redução do número de mortes seja menos da metade calculada para alcançar até 2015 os Objetivos do Milênio. Calcula-se que cerca de 1000 mulheres morrem por dia na África vitimadas por eclâmpsia, hipertensão arterial, aborto inseguro, infecções e hemorragia relacionada ao parto. Os detalhes da notícia podem ser lidas aqui.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um Curioso Exemplo de Higienismo na Política Brasileira

Em comentário à postagem As Fúrias Tropicais, em outro blogue em que colaboro - o Flanar -, pediram-me opinião sobre o seguinte texto: Lula é aquilo que, abusando do jargão, se passou a chamar de “força da natureza”. É uma esplêndida culminação de instintos vitais. Mas sem a menor condição de autoconhecimento, de reflexão e de análise. Sua maior malignidade está em se infiltrar sem ser percebido. E, mesmo sendo impossível, passar a ser aceito como normal.
Eu não sei exatamente a procedência do texto, mas qualquer que seja a origem dele é de pouca importância para responder o que me foi solicitado. De cara observamos que o parágrafo exemplifica um viés ideológico, ao apresentar uma visão estereotipada do presidente Lula. Chama a atenção elementos textuais claramente relacionados às idéias dos higienistas raciais que contaminaram vergonhosamente a ciência desde os meados século XIX e levaram aos desvios éticos da eugenia. Os termos "força da natureza" e "culminação de instintos vitais", "malignidade", "infiltrar", "normal" remetem com força à linguagem própria dessas disciplinas que deram sustentáculo ao nacional-socialismo alemão e seus conhecidos crimes contra a Humanidade.
Para clarificar melhor o conteúdo narrativo do texto, cito Roso e colaboradores*, que descrevem de forma aguda a fisiologia do estereótipo: estereotipar faz parte da manutenção da ordem social e simbólica, estabelecendo uma fronteira entre o “normal” e o “desviante”, o “normal” e o “patológico”, o “aceitável” e o “inaceitável”, o que “pertence” e o que “não pertence”, o “nós” e o “eles”. Estereotipar reduz, essencializa, naturaliza e conserta as ‘diferenças’, excluindo ou expelindo tudo aquilo que não se enquadra, tudo aquilo que é diferente.
Podemos contextualizar os elementos dessa explicação no exemplo a seguir, extraído de "Minha Luta" (Mein Kampf), opera omnia de Adolfo Hitler: As qualidades intelectuais do judeu formaram-se no decorrer de milênios, Ele passa hoje por "inteligente" e o foi sempre até um certo ponto. Somente, sua compreensão não é o produto de evolução própria, mas de pura imitação.
Minha opinião, portanto, quanto ao parágrafo que me foi solicitado comentar, é a constatação do quanto a paixão política pode levar as pessoas ao exercício das mais baixas inspirações ideológicas.

*Cultura e Ideologia: A Mídia Revelando Estereótipos Raciais de Gênero. Psicologia & Sociedade; 14 (2): 74-94; jul./dez.2002 .

Atualizando: Fui informado agora que o parágrafo pertence a artigo do jornalista Lúcio Flávio Pinto, que está disponível na íntegra aqui.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Atenção, Alerta: Vacina Anti-Rábica para Cães

Vacina anti-rábica para cães utilizada na rede pública tem elevado índice de complicações, letal inclusive. Recomendo que os donos de cães busquem a rede privada e indaguem da clínica a marca e o lote da vacina que aplicarão no animal. Evitar, portanto, aquela que tem apresentado problemas em São Paulo, enquanto as autoridades federais não derem solução para o problema.
Detalhes aqui.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ministro Bestalhão

O ministro das finanças da Rússia perdeu excelente oportunidade de ficar de boca fechada. Preferiu no entanto abrí-la e soltar as moscas que expressam o seu discernimento de saúde pública: recomendou que a população daquele país bebesse cada vez mais vodka e fumasse cigarros para gerar aumento da arrecadação de impostos pelo governo. O fumo e o etilismo constituem um dos maiores problemas de saúde do mundo e, particularmente na Rússia, onde a média de vida é 60 anos, a situação é mais grave ainda. Se o ministro russo fosse "menos inteligente" compreenderia que para cada centavo que recolhesse com o consumo de bebidas alcóolicas e cigarros, o Estado gastará três para recuperar a saúde dos bêbados e fumantes da Rússia.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ministério da Saúde Faz Consulta Pública

O Ministério da Saúde tornou disponível para consulta pública os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas relacionados a algumas doenças das especialidades de endocrinologia, neurologia, dermatologia, oftalmologia, gastroenterologia e nefrologia.
Os protocolos e diretrizes em saúde servem de orientação tanto para profissionais quanto para familiares e doentes. Para fazer contribuições ao texto, é necessário cadastramento. Todas as propostas serão analisadas e ponderadas criteriosamente pela equipe de técnicos e pareceristas das especialidades que coordenam o projeto.

Financiamento da Saúde em Governos Neoliberais


















Relação entre o desvio da média nacional dos gastos sociais (excluindo saúde) e todas as causas de mortalidade em 15 países da UE , entre 1980-2005. Cada ponto representa um valor único ano país. Os gastos sociais é em dólares (ano 2000), com valores ajustados pela paridade do poder de compra com o euro. Observação ao Gráfico: Na vertical - Mortalidade por todas as causas, ajustadas pela idade. Na horizontal - Gasto per capta em Bem Estal Social (paridade poder de compra).


A recessão de 2008 teve profundas conseqüências econômicas para muitos países. Questões sobre como e quando reduzir o déficit orçamentário foram focos importantes nas recentes eleições gerais no Reino Unido, e continuam a fazer manchetes de jornais em todo o mundo.
O novo governo inglês já realiza grandes cortes na despesa pública, embora a dívida projetada como parte do produto interno bruto (PIB) seja inferior ao de outros países industrializados, o que dá ao país alguma folga no momento de refinanciar emprétimos. Se por um lado os economistas divergem sobre se os cortes ajudam ou prejudicam a recuperação económica, por outro dão pouca atenção para os potenciais efeitos das reduções no financiamento da saúde e da proteção social.

O trecho acima é a tradução resumida do primeiro parágrafo de estudo publicado no British Medical Journal (24/06/2010), que analisa com base em dados históricos como o rebaixamento da despesa pública repercute negativamente sobre o estado de saúde da população inglesa. O estudo tem gráficos interessantíssimos que devem servir de referência tanto para políticos quanto para formuladores de políticas públicas. Atualmente a Inglaterra é governada pela coalizão do Partido Conservador e Partido Liberal, que implantou no país uma política econômica no molde neoliberal. Essa escola de pensamento político diante de crises sempre reduz a presença do Estado na sociedade, flexibiliza relações de emprego, controla manu militari reajustes de salários, promove o individualismo e o fortalecimento material do setor privado. No Brasil são representantes dessa corrente de pensamento o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o Partido Democrata (Demo).
O artigo (Crise Orçamentária, Saúde e Programas Sociais/ Budget Crisis, Health and Social Programmes), publicado no BMJ, está disponível aqui em versão eletrônica para livre acesso.

Eleiçoes 2010 - Compromisso dos Brasileiros com o Futuro do País

Em pouco mais de 30 dias serão realizadas as eleições que definirão quem ocupará nos próximos quatro anos a Presidência da República, os Governos dos Estados e do Distrito Federal ,e as representações do povo e dos estados da federação no Congresso Nacional (deputados federais e senadores). O Tribunal Superior Eleitoral elaborou uma página eletrônica com o objetivo de esclarecer as dúvidas dos eleitores residentes no Brasil e no exterior. É bem didática e recomendo que a acessem para tirar suas dúvidas, ou para ter conhecimento do assunto e orientar outros que não a tenham visto.