quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Balanço de Temporão

O ministro da saúde faz um balanço honesto sobre seu tempo na gestão do Sistema Único de Saúde. Recomendo a leitura, pois, a parte o cargo que ocupa, o médico José Gomes Temporão é um dos melhores quadros intelectuais da saúde pública brasileira. Infelizmente, talvez por razões de espaço na revista, o ministro não aprofundou seu pensamento sobre investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação realizado de forma inédita no Ministério da Saúde, desde o primeiro governo do presidente Lula. É certo que os frutos, especialmente dos dois últimos componentes do tripé, demorarão por chegar, modulados pela complexidade da natureza das ações envolvidas. Mas decerto virão pelas rotas que o próximo governo for adotar. A entrevista com Temporão pode ser lida neste link.

Quem Primeiro: o Ovo ou a Galinha?

Da Agência Fapesp para divulgação científica:

Muitas das estrelas mais antigas da Via Láctea são remanescentes de outras galáxias menores que foram dilaceradas por colisões violentas há cerca de 5 bilhões de anos. A afirmação é de um grupo internacional de cientistas, em estudo publicado pelo periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Essas estrelas anciãs são quase tão antigas como o próprio Universo. Os pesquisadores, de instituições da Alemanha, Holanda e Reino Unido, montaram simulações em computadores para tentar recriar cenários existentes na infância da Via Láctea.

O estudo concluiu que as estrelas mais antigas na galáxia, encontradas atualmente em um halo de detritos em torno dela, foram arrancadas de sistemas menores pela força gravitacional gerada pela colisão entre galáxias.

Os cientistas estimam que o Universo inicial era cheio de pequenas galáxias que tiveram existências curtas e violentas. Esses sistemas colidiram entre eles deixando detritos que eventualmente acabaram nas galáxias existentes atualmente.

Segundo os autores, o estudo apoia a teoria de que muitas das mais antigas estrelas da Via Láctea pertenceram originalmente a outras estruturas, não tendo sido as primeiras estrelas a nascer na galáxia da qual a Terra faz parte e que começou a se formar há cerca de 10 bilhões de anos.

“As simulações que fizemos mostram como diferentes relíquias observáveis na galáxia hoje, como essas estrelas anciãs, são relacionadas a eventos no passado distante”, disse Andrew Cooper, do Centro de Cosmologia Computacional da Universidade Durham, no Reino Unido, primeiro autor do estudo.

“Como as camadas antigas de rochas que revelam a história da Terra, o halo estelar preserva o registro do período inicial dramático na vida da Via Láctea, que terminou muito tempo antes de o Sol ser formado”, disse.

As simulações computacionais tomaram como início o Big Bang, há cerca de 13 bilhões de anos, e usaram as leis universais da física para traçar a evolução das estrelas e da matéria negra existente no Universo.

Uma em cada centena de estrelas na Via Láctea faz parte do halo estelar, que é muito mais extenso do que o mais familiar disco em espiral da galáxia.

O estudo é parte do Projeto Aquário, conduzido pelo consórcio Virgem, que tem como objetivo usar as mais complexas simulações feitas em computador para estudar a formação de galáxias.

Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: www3.interscience.wiley.com/journal/117974593/home

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Lua - No Planalto Central*

















SATÉLITE**

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.

Muito cosmograficamente
Satélite.

Desmetaforizada,
Desmitificada,

Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.

Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.

*Fotografada pelo editor em Brasília-DF (25/06/2010)
** Poema de Manuel Bandeira publicado no livro Estrela da Tarde (1960).

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Revolução Nanotecnológica




















O texto em pdf está aqui.

Brasil É Ouro no Cone Sul

Da Agência FAPESP – O Brasil conquistou quatro medalhas na 21ª Olimpíada de Matemática do Cone Sul, realizada no dia 19 de junho em Água de São Pedro (SP).

O estudante João Lucas Camelo Sá, de Fortaleza (CE), levou o ouro. Gabriel Militão Vinhas Lopes, de Fortaleza, e Maria Clara Mendes Silva, de Pirajuba (MG), ganharam prata, enquanto Caíque Porto Lira, também de Fortaleza, ficou com o bronze.

A competição contou com a participação de 32 estudantes do ensino médio, com participação de delegações da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai.

As equipes foram formadas por até quatro estudantes, com provas realizadas em dois dias consecutivos. Em cada dia, os participantes resolveram três problemas em 4 horas e meia de prova. Todos os integrantes da equipe brasileira conquistaram medalhas.

Essa foi a quarta edição da olimpíada no Brasil. A primeira Olimpíada de Matemática do Cone Sul ocorreu em Montevidéu, Uruguai, em 1988, contando com representantes de apenas quatro países.

Desde sua primeira participação no certame o Brasil já conquistou um total de 77 medalhas, sendo 19 de ouro, 30 de prata e 28 de bronze. A participação brasileira na competição é organizada por meio da Olimpíada Brasileira de Matemática.

A Olimpíada Brasileira de Matemática é um projeto conjunto da Sociedade Brasileira de Matemática, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Matemática (INCTMat).

Escândalo Abala o SUS de São Paulo

Uma tempestade se abate sobre a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. O vazamento do relatório da Pesquisa de Satisfação dos Usuários do SUS, expõe problemas graves que arrastam-se insolúveis nos 15 anos de governos estaduais sucessivos da aliança DEM-PSDB e questionam a competência do tucano José Serra, ex-governador do estado e atual candidato à sucessão do presidente Lula .
Para quem fez fama como o bom ministro da saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso, as conclusões do relatório são um vexame escancarado. Para o povo, o maior prejudicado, o alarido nas manchetes dos principais jornais paulistas apenas confirma os sofrimentos passados no cotidiano da rede de saúde pública.
Contudo, ainda que faltem pesquisas do tipo em outras unidades da federação, podemos arriscar e dizer que a situação paulista se reproduz em tantas outras secretarias de estado, de grandes municípios e de capitais brasileiras. Claramente o que assistimos é um grave questionamento sobre o modelo e a prática de gestão do Sistema Único de Saúde, que, no âmbito de uma acertada descentralização, sofre com uma procissão de incompetências administrativas e políticas que termina no afronta ao direito à vida, como é o caso desta outra notícia publicada a distância de 3.000 quilômetros do Estado de São Paulo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Estado Mínimo na Saúde: Na Tonga da Mironga do Kabuletê*

Uns amigos empresários acreditam que o aporte de recursos estatais ao financiamento da saúde pública no Brasil pode ser menor, se o estado estabelecesse parcerias para a captação de recursos na iniciativa privada. Como seria de esperar estou cansado de explicar-lhes que esse é um caminho que necessita de contextualização, face a dimensão do país e as desigualdades sociais em saúde que vivemos.
Como a amizade deles é maior que a crença deles na panacéia das OSCIP, cada vez menos tenho dado a trela que eles provocam. Entretanto, quando encontro notícias como essa, produzida nos prelos de uma das incubadoras da informação neoliberal no país, não resisto e todos voltamos a discussão insanável como estivéssemos nas trincheiras da I Guerra Mundial: Dois Homens Mais Ricos do Mundo Vão Doar U$ 180 milhões à Saúde na Espanha.
Para contextualizar o que a Folha de São Paulo define como aporte de recursos para "beneficiar mais de dez milhões de pessoas que sofrem a ameaça constante de morrer por causas que podem se evitadas", devemos contrapor que para 2011 o Ministério da Saúde pretende alocar mais R$ 2,2 bilhões ao atual orçamento, só para atender as necessidades do povo brasileiro em termos de procedimentos classificados como de média (cirurgia de hérnia, por exemplo), e alta complexidade (cirurgia cardíaca e tratamento do câncer, por exemplo).

Moral da História: Parceria Público-Privada é recurso de importância para a gestão da saúde pública apenas em termos bem pontuais - Ciência & Tecnologia, por exemplo -; mas jamais substituirá o aporte financeiro do ente estatal que, provedor de direito constitucional, tem a atribuição de financiar e realizar ações destinadas a reverter a abismal diferença no acesso e na acessibilidade aos serviços de saúde, para assim reduzir as atuais desigualdades sociais no nascer, viver e morrer entre cidadãos ricos e pobres do Brasil. Receita contrária ao argumento talvez teria sucesso fossemos tão ricos quanto somos hoje, mas com uma população igual a de Tonga; ou seja, não a atual de 190-200 milhões de almas, mas uma brasilidade de aproximadamente 115 mil habitantes, conforme a tivemos lá pelos idos 1600.

* Para o significado da expressão imortalizada por Toquinho e Vinícius, acesse Wikpédia.

PS - No próximo 9 de julho, completam-se 30 anos da morte de um maiores poetas da Língua Portuguesa. Uma parte da arte substantiva do diplomata Vinicius de Moraes pode ser assistida aqui, em show na Itália para sobreviver aos tempos da ditadura brasileira, que o aposentou compulsoriamente e cassou-lhe os direitos políticos. No vídeo, não deixem de reparar no apresentador do programa à beira de um ataque de nervos. Felizmente, ao vivo, câmeras e público não estavam nem aí para o esgotamento do tempo na tv italiana.

Brasil Faz Bonito em Ranque de Pesquisa

A agência de notícias SciDev Net chama atenção para avaliação das universidades de países latino-americanos, caribenhos, Espanha e Portugal. Brasil, México, Argentina e Chile são líderes em pesquisa científica segundo o Ranke Ibero-Americano SIR 2010. A Universidade do Estado de São Paulo (USP), Universidad Nacional Autónoma de Mexico e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) são de todas as mais produtivas, a frente da Universidade de Barcelona, classificada em quarto lugar.
Como sou paraense, quis saber da situação da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde fui graduado em medicina (1984). A UFPA está em 111a. posição, se considerarmos todas as universidades dos países ibero-americanos, e em 58a. quando relacionada ao grupo de países latino-americanos e caribenhos. O relatório foi lançado durante o Encontro de Reitores Universia, realizado este semestre em Guadalajara, México. O resumo com os gráficos está aqui em espanhol.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Négócio da Cana Continua no Século XVIII


O presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana), Ismael Perina, cobrou dos pré-candidatos à Presidência da República maior empenho contra o que, segundo ele, são arbitrariedades que o setor sucroenergético enfrenta e relacionadas, por exemplo, às fiscalizações trabalhistas nas famigeradas usinas. Perina discursou durante a cerimônia de entrega da primeira edição do Prêmio TOP ETANOL, na segunda-feira (07/06), em São Paulo.
“Os empregadores precisam de maior segurança jurídica, uma definição mais objetiva e transparente do significado de condições análogas à de escravo, em especial as chamadas condições degradantes de trabalho. Hoje predomina a subjetividade e o arbítrio nas fiscalizações. Dois fiscais fiscalizando a mesma propriedade podem ter interpretações totalmente diferentes sobre um mesmo item fiscalizado,” pontuou Perina.
O dirigente da Orplana cobrou também uma ação dura do Estado contra as invasões de propriedades rurais produtivas. Para ele, há um contra-senso de uma legislação forte e punitiva para invasões urbanas, mas sem o mesmo vigor nas áreas rurais. A terceira questão reclamada pelo empresário foi "uma solução definitiva para o absurdo conflito que se criou entre agricultura e meio ambiente", sublinhando que são os agricultores os grandes responsáveis pela harmonização entre produção e conservação ambiental. Contudo, para ele é um absurdo a atual legislação retroagir no tempo e obrigar à recomposição da vegetação nativa em 20% da área da propriedade agrícola na maioria dos estados.
As questões colocadas pelo representante do agro-negócio da cana nos remetem a uma pauta do século XVIII. Para um setor que pretende internacionalizar o etanol, disputando um lugar ao sol no acirrado mercado das comodities energéticas, o discurso é próprio do anacronismo que exemplifica a perenidade do coronelismo na grande propriedade rural brasileira, açucareira ou não. Ora, um setor que anda incomodado com a fiscalização de práticas de trabalho escravo não pode ser candidato ao mercado internacional de produtos sustentáveis.
Desconhecer os problemas agrários do Brasil, a defasagem nos indíces de produtividade usados para aferir o que são "propriedades rurais produtivas", insistir na desqualificação dos movimentos de luta pela terra, não vai ajudar o setor a se modernizar e atingir os seus objetivos de longo prazo. Por exemplo, outro dia eu lia um conjunto de gráficos produzidos por uma consultoria inglesa, relacionados a meio ambiente, fragilidades políticas e potencial econômico. O Brasil tinha vantagem internacional em praticamente todos os quesitos, exceto nas tensões relacionadas ao campo. Isto quer dizer que o investidor internacional pensará duas vezes em comprar álcool de alguém que trata conflitos sociais como estivesse no século XVIII e com isso arrisca a continuidade do fornecimento como recorda-nos a história das plantations no Caribe.
Para uma indústria que tem a ambição de produzir o substituto sustentável aos derivados do petróleo, a crítica a medidas de preservação ambiental também soa destoante. A proposta de uma matriz de combustíveis limpa para o Brasil e para mundo é defendida pelo movimento ambientalista e, se adotada, provavelmente, teria no etanol uma das alternativas mais viáveis ampliando em muito o mercado desse produto. Por outro lado, o setor demonstra não querer assumir os compromissos necessários para garantir a sustentabilidade ambiental da produção de cana, ao negar a recomposição da vegetação de parte das suas propriedades.
Essa escancarada contradição com certeza não passará em branco e o etanol, que tem sofrido muito com a idéia de que sua produção concorre com recursos para a produção de alimentos, poderá sofrer novo revés ao criticar medidas compensatórias como a recomposição parcial da mata nativa que está prevista no Código Florestal de 1965.
Há mais de 50 anos se aguarda que essa legislação federal seja cumprida. Agora, vencidas todas as prorrogações acordadas em sucessivos governos, o setor ruralista se empenha com audácia na alteração do Código. Para termos uma idéia da disputa em curso no Congresso Nacional, o processo de revisão do Código Florestal está na Câmara e o relator é o deputado comunista Aldo Rabelo que, sob a pretensão de garantir salvaguardas aos pequenos produtores, que segundo diz não teriam condições de arcar com a constituição das reservas, propõe flexibilizar as regras. do Código. Coincidentemente com o apoio e elogios de sua outrora tradicional inimiga, a bancada ruralista. Consumado o resultado de um inusitado conluio, praticado na contra-mão dos interesses maiores da sociedade brasileira, sem dúvida estará legitimado mais um atraso, outro passo atrás das rupturas históricas com que o Brasil tem buscado avançar na redução do desmatamento, da qual é exemplo a posição adotada na Conferência de Copenhaguem, quando anunciamos metas relevantes e voluntárias para a aprovação da Lei de Mudança do Clima.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ciência e Tecnologia dos Esportes em Campinas - SP

Da Agência FAPESP – A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizará, no dia 17 de junho, o Simpósio de Estudos Avançados em Ciência e Tecnologia em Esportes, em Campinas (SP).

O evento pretende debater as principais tendências científicas aplicáveis ao esporte, com a participação de especialistas nas áreas de educação física, biologia, computação e engenharia.

Entre os conferencistas confirmados está Pietro Cerveri, do Departamento de Bioengenharia do Instituto Politécnico de Milão (Itália), que abordará o tema “Ciência e tecnologia em esportes: perspectivas metodológicas para análise de movimentos humanos”.

“Visão computacional em esportes”, “Ciência e tecnologia na preparação de atletas olímpicos”, “Biomecânica do esporte: contribuições e desafios”, “Bioquímica do exercício no esporte de rendimento” e “Ciência e tecnologia na preparação de atletas paraolímpicos” serão alguns temas em debate.

O evento será realizado no Centro de Convenções da Unicamp.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

WolframAlpha, Ferramenta de Conhecimento

Calcula-se que 1 de cada 35 brasileiros tem a probabilidade de morrer em acidente de trânsito no país. Cheguei a essa informação por meio de uma ferramenta de computação para garimpagem informacional, o WolframAlfa. Recomendo uma visita exploratória.

O Haqueamento da Criptografia Quântica



























Édipo e a Esfinge (Gustave Moreau, 1864)

A criptografia quântica foi criada com base no princípio de que é impossível obter uma cópia de informação em estado quântico, sem que a violação derive um transtorno agudo na integridade do sistema e a simultânea correção das chaves que preservam a segurança do acesso à informação. Por essas razões o modelo quântico de criptografia tem sido considerado por muitos pesquisadores como barreira intransponível e necessária a segurança de sistemas com requesitos de confidencialidade extraordinários.
Entretanto a história ensina que segredos não têm selos inquebráveis. A inteligência que um dia lhes dá lógica e dinâmica será a mesma que em algum momento os decifrará, quando dialeticamente diferentes vetores de interesse no saber se confrontarem e demonstrarem que o que antes parecia tão sólido em seguida se desmanchará e transmudará em novo conhecimento e aplicações. Aconteceu assim, por exemplo, com o sistema alemão de comunicação Enigma, criptografia clássica decifrada por completo pelo serviço de inteligência inglês na Segunda Guerra Mundial, permitindo que os aliados soubessem das operações militares nazistas quase que simultaneamente ao momento em que as ordens eram transmitidas de Berlim.
Portanto a superação de estados do conhecimento anima a porfia que faz com que a ciência e seus produtos atendam permanentemente aos desejos humanos de alcançar níveis mais avançados de desenvolvimento na sociedade. É o que representa o feito do físico Hong Kwong-Lo e colegas da Universidade de Toronto, no Canadá, que pela primeira vez haquearam por completo um sistema comercializado pela empresa suíça ID Quantique (IDQ), trabalhando em nível subliminar para que a perturbação gerada na integridade do sistema fosse confundida como ruído aceitável pela vigilância da segurança. A experiência foi conduzida em nível standard para teste de segurança do produto. A despeito do sucesso obtido pelos pesquisadores a criptografia quântica ainda permanece como o padrão ouro de codificação segura da informação. Os detalhes do experirmento de Kwong-Lo e cols. está disponível para livre acesso.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Mercado Interno e Desmatamento da Amazônia.

O jornalista-blogueiro e doutor em Ciência Política Leonardo Sakamoto aponta para o que ele considera a coluna vertebral do comércio ilegal de madeiras na Amazônia: o mercado interno brasileiro. Se de fato for esse o sustentáculo da máfia que explora um negócio extremamente lucrativo, a solução do problema está na cooperação efetiva entre os governos federal e dos estados. A energia para garantir os resultados pretendidos sem dúvida derivará menos da representatividade do que da vontade política, considerando que em tese autoridades não mantêm relações promíscuas com redes criminosas, que, neste caso, por quase certo estão associadas à consistência estatística de pelo menos dois outros crimes naquela região: a pistolagem rural e o trabalho escravo, ambos endêmicos no Estado do Pará. O texto de Sakamoto na íntegra, aqui.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Revelado o Terrível Segredo da Talidomida

Embora a medicina já houvesse definido um padrão característico das malformações congênitas provocadas pela talidomida, praticamente não sabia-se ainda o mecanismo molecular pelo qual o fármaco agia para provocar as graves anomalias fetais. Estudo de cientistas japoneses publicado na revista Science em março passado confirma que o efeito teratogênico da talidomida está relacionado uma proteína humana denominada cereblon, com quem o fármaco se combina formando um complexo. A cereblon está diretamente relacionada com reações biológicas que mediam o desenvolvimento dos embriões. A combinação talidomida-cereblon determina graves transtornos no dinâmica dessas reações orgânicas. O estudo foi realizado com células humanas de câncer de colo uterino e com peixe zebra, dois modelos clássicos para pesquisa in vitro.
A talidomida é um medicamento com 50 anos de comercialização, mas em decorrência de seus graves efeitos sobre fetos tem seu uso restrito. No Brasil existe lei federal que regula a sua distribuição e prescrição no sistema de saúde. Nos últimos anos a descoberta de um potente efeito da talidomida no controle da formação de vasos nos tecidos, fez com que o fármaco tenha adquirido nova indicação para o tratamento de alguns cânceres, como é o caso do mieloma múltiplo. A nova indicação levou a uma inovação incremental da antiga molécula de talidomida, com a síntese de derivados mais aperfeiçoados para uso no tratamento das neoplasias malignas. A elucidação do mecanismo com que a talidomida provoca malformações congênitas poderá levar ao desenvolvimento de uma molécula destituída desse potencial de lesão.

O Estudo Goldfinger

É concenso entre cientistas reconhecer a insuficiência de métodos eficazes para a previsão de terremotos. Contudo, esta semana a Nature News informa sobre o estudo do geólogo marinho Cris Goldfinger e colaboradores, a ser publicado em breve publicado pelo US National Survey, que é o orgão governamental norte-americano relacionado a assuntos referentes a abalos sísmicos.
O estudo baseou-se em cerca de 80 amostras procedentes de uma falha geológica com 1000 km de extensão, situada entre a Ilha de Vancouver (Canadá) e o Cabo Mendocino (Califórnia).O objetivo da pesquisa era identificar depósitos de deslizamentos resultantes de grandes terremotos marinhos ocorridos no passado. Utilizando carbono-14 para datação do plancton aprisionado nas rochas e de dados físicos e de polo magnético das rochas, os cientistas obtiveram dados que permitiram reelaborar o mapa de risco e magnitude de terremotos na região.
Antes o risco estabelecido para a região apontava para recurrências de terremotos de grande impacto a cada 500 anos, com uma probabilidade de ocorrência em 10-15% para os próximos 50 anos. O estudo de Goldfinger, ao aumentar de 9 para 41 o número de terremotos estudados, recalculou a frequência de um grande abalo sísmico a cada 240 anos, o que definiu um risco de 37% para a região ser atingida por um terremoto de magnitude 8 nos próximos 50 anos. Os achados do estudo foram considerados relevantes tanto pela comunidade científica quanto pelo US Geological Survey, que realizará um workshop de verão para avaliar como os resultados da pesquisa serão incorporados nos mapas de risco e prevenção de catástrofes.