sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A Quase Realidade De Carro Conduzido Por Robo.

O sistema tem custo hoje de 5000 mil libras britânicas, mas pode no mercado chegar a cem.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Uma Globalização Chamada Facebook

A filosofia e a ciência partem sempre de uma pergunta sobre o objeto que inquirem. Renato Janine Ribeiro, professor de filosofia da USP, publica hoje no caderno de cultura do jornal Valor Econômico o artigo O Mundo que o Facebook Criou? É um excelente artigo em que o filósofo questiona as bases tecnológicas, culturais e políticas desse mundo virtual sem fronteiras, criado por David Zuckerberg.
O artigo infelizmente é acessível apenas para assinantes, mas transcrevo aqui o último parágrafo escrito com brilho e no modo que provoca inquietações:
O virtual será então uma lupa sobre o real, uma ampliação do que acontece na realidade, no mundo da presença? Não é só isso; ele retira gente da solidão; para os perseguidos ou os isolados, é um bálsamo, porque multiplica seus amigos e associados. Mas ele evidencia também nossa deficiência democrática, que é difícil de sanar, justamente porque a solução não depende da tecnologia, mas da sociedade.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Papel da Tecnologia na Desigualdade, Segundo Paul Krugman

Paul Krugman em entrevista à Business Insider
Nessa entrevista Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia, tangencia o papel da tecnologia em relação às desigualdades sociais. A perspectiva adotada pelo economista é histórica e parte da realidade de alguns avanços tecnológicos atuais, que prescindem de habilidades humanas para que funcionem, e como tal são portadores de risco para desenvolver desigualdades. Sem dúvida que a abordagem de Krugman tem pertinência, se analisarmos o impacto das duas Revoluções Industriais na relação capital x trabalho e suas repercussões sobre o bem estar da classe trabalhadora, conforme Marx as analisou. 
Ocorre que o papel das tecnologias na origem, produção e sustentação de desigualdades sociais não se esgota nesse cenário de países centrais industrializados. A globalização da economia é uma realidade muito mais complexa do aquela do século XIX, quando a Inglaterra ritmava a economia mundial e advertia que "where the ocean meets the sky", lá estaria comerciando. Hoje o domínio tecnológico tem impactos mais profundos e por ele não responde apenas a substituição de mão de obra nos países desenvolvidos pela vantagem competitiva de tecnologias inteligentes.  Tem outra ordem genética as desigualdades nos países pobres.
O problema mais grave vivido pelos países africanos, por exemplo, não está representado pelo advento breve de carros com direção remota ou por softwares multilíngues para tradução em tempo real e suas possíveis repercussões na curva de desemprego. Para esses povos a desigualdade tecnológica, por exemplo, pode ser exemplificada pela ausência ou insuficiência de acesso à informação e a tecnologias de saúde, sendo que, nesse último caso, ainda estão expostos à iniquidade do consumo de medicamentos falsos ou mal fabricados, que aumentam ainda mais os riscos de adoecimento e morte.  Está representado por exemplo pela escassez de rede física móvel ou fixa para atendimento de saúde.
Por outro lado, nesses mesmos países, as dificuldades no acesso à educação e a melhores tecnologias de ensino estão implicadas no melhor desenvolvimento da infraestrutura e na atração de investimentos externos que promovam geração de emprego e renda. 
Conforme ressaltam Frost e Reich em artigo publicado na revista Health Affairs:
Essas tecnologias incluem medicamentos que salvam vidas, como os anti-retrovirais para o HIV / SIDA, bem como outros que conferem qualidade de vida, tais como medicamentos que ajudam a tratar crises de asma. Acesso limitado é também um problema com muitos outros produtos de saúde, tais como vacinas que podem prevenir doenças debilitantes, testes diagnósticos para doenças infecciosas e crônicas, tecnologias preventivas como mosquiteiros tratados com insecticidas e vários tipos de contraceptivos. Em 1999, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, desde meados dos anos 1980, cerca de 1,7 bilhão de pessoas, cerca de um terço da população do mundo em 1999 - não têm acesso regular a medicamentos essenciais e vacinas.
Sem o rompimento do ciclo de riqueza e miséria em ordem global, as desigualdades tecnológicas persistirão e farão novas vítimas, que contarão sempre maiores do lado dos países pobres e em desenvolvimento. Ao modo como foi advertido a algumas organizações não governamentais piedosas, não basta fazer doação de equipamentos aos países africanos, faz-se necessário educar aqueles que os farão funcionar, pois, em caso contrário,  centenas de equipamentos continuarão se deteriorando em algum lugar da África e os ricos a achar que alcançaram o reino dos céus.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Crise Internacional e o GAP 10/90


Nos anos noventa a Comissão de Pesquisa em Saúde para o Desenvolvimento estimou que somente 5% dos recursos mundiais para a pesquisa em saúde era aplicados na solução dos problemas de países de baixa e média renda, que, no mundo, são os locais em que ocorrem 93% das mortes evitáveis.  Essa evidência científica permitiu que o Global Forum, instituição relacionada com o Banco Mundial, elaborasse o conceito de Gap 10/90, que captura o desequilíbrio existente entre a magnitude do problema sanitário e os recursos que deveriam ser empregados para solucioná-lo.
Em termos gerais essa relação devirtuosa pode ser entendida por meio de duas leituras, que se complementam em espelho: 90% (10%) dos recursos mundiais de pesquisa são destinados ao financiamento de investigações voltadas para a solução de doenças que afligem apenas 10% (90%) da população mundial.
Desde então os governos dos países  vinham incluindo na agenda governamental  maior aplicação de recursos para financiamento de pesquisas  que permitissem no longo prazo reverter essa desigualdade brutal, certamente implicada na prevalência de males sanitários como a esquistossomose, a leishmaniose, a hanseníase, a doença do sono entre outras incluídas no grupo das chamadas doenças negligenciadas. Mas aí sobreveio a atual crise econômica internacional e a consequente contração orçamentária dos fundos para financiamento de pesquisas.
Em 2010, por exemplo, o financiamento para desenvolvimento de produtos relacionados a 31 doenças negligenciadas foi diminuído de 109 milhões dólares, caindo para US $ 3,1 bilhões de acordo com o Financiamento Global de Inovação para Doenças Negligenciadas, ou G-Finder. A queda foi consequência de cortes orçamentários havidos em agências governamentais e organizações filantrópicas. Esse movimento de contigenciamento dos recursos foi compensado, contudo, por um aumento de 28% no financiamento de pesquisas conduzidas por empresas farmacêuticas, desde que fossem aplicados em projetos sem fins lucrativos. Não se tem notícias sobre o quão efetiva foi essa medida no contexto global, em especial porque as empresas farmacêuticas possuem roadmaps e timings orientados por suas estatégias de mercado.

Desvantagem Comparativa do Sistema de Saúde dos EUA

Os Estados Unidos gastam mais em saúde do que qualquer outro país do mundo, mas os seus resultados em saúde são geralmente piores do que os de outros países ricos. As pessoas nos Estados Unidos apresentam taxas mais altas de doenças e ferimentos e morrem mais cedo do que pessoas de outros países de alta renda. Embora esta desvantagem de saúde tenha aumentado ao longo de décadas, a sua escala só agora tem se tornado mais evidente.
Pesquisas com pacientes acometidos de doenças crônicas em até 11 países demonstraram que os norte-americanos são mais propensos do que os pacientes de outros lugares a relatar falhas na qualidade da assistência e na segurança hospitalar. Ademais pacientes norte-americanos parecem mais propensos para requerer visitas do departamento de emergência ou readmissões por causa da alta precoce e de problemas no atendimento ambulatorial. Confusão, falta de coordenação e falta de comunicação entre médicos e pacientes são relatados com mais freqüência nos Estados Unidos.
Comparações entre países também demonstram claramente que pessoas nos Estados Unidos, nomeadamente as crianças, estão morrendo mais cedo e enfrentando doenças e lesões a taxas maiores do que as observadas em outros países com o mesmo padrão de renda nacional. Para além das consequências humanas e econômicas que afetam atualmente  adultos e a força de trabalho, as desvantagens de saúde enfrentadas pelas crianças norte-americanas implicarão em outros problemas sanitários, quando se tornarem os adultos de amanhã, com repercussões na economia do país e para a segurança nacional. Agora, a questão é  saber o quanto a sociedade norte-americana está preparada para fazer uma mudança radical no modelo de saúde do país.

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O artigo - The US Health Disadvantage Relative to Other High-Income Countries Findings - foi publicado em 10 de janeiro deste ano, no JAMA - Journal of the American Medical Association. Clique aqui para ter acesso livre ao texto completo.